Uma horrível experiência
Aquela parecia que seria uma tarde normal na vida de uma menina de dez anos, mas foi uma tarde na qual tive uma horrível experiência que me fez tomar a decisão de nunca mais deixar ninguém decidir por mim o meu corte de cabelo, ainda que, depois dessa tarde terrível, tenham tentado me convencer muitas vezes a adotar um penteado que eu detestava.
A tarde estava correndo normal até que mãe disse que queria ir cortar o cabelo e convenceu a mim e a minha irmã a ir. Eu aceitei pois o salão era na rua em que vivíamos e, quando fomos, já fui avisando à cabeleireira que não queria cabelo curtinho, porque eu tinha trauma de cabelo curto pelo fato de que as outras crianças ficavam rindo de mim, chamando-me de "careca pelada" e um menino uma vez me perguntara se eu não queria ser amigo dele. Eu tinha tanta vergonha que ia à escola com a mochila atrás da cabeça toda vez que minha mãe mandava cortar meu cabelo assim.
Quando chegou minha vez, ela começou a cortar e, após um tempo, senti que alguma coisa estava faltando e perguntei o que ela tinha feito com meu cabelo. Mas ela falou para eu não me preocupar e foi então que mostrou, perguntando:
-Veja, não está lindo?
Ao me ver, fiquei horrorizada e comecei a chorar. Ela cortara meu cabelo muito curtinho mesmo. Eu estava parecendo um moleque. Então, soube que mãe, sem que eu ouvisse, dissera a ela que o cortasse curtinho. Gritei que não queria ir à escola, que eu estava feia e parecendo um menino e que ririam de mim, chamando-me de "pelada". Mãe apenas falou:
-Minha filha, está lindo, deixe de besteira. Não ligue se lhe chamarem de pelada.
Porém, eu protestei muito , dizendo que eu estava horrível e odiava aquele cabelo e, a partir daquele dia, nunca mais deixei que minha mãe mandasse cortá-lo curtinho, embora ela tenha tentado várias vezes mandar as cabeleireiras fazer isso. Até hoje, odeio cabelo curtinho e também odeio lembrar de quando o usava, pois só me faz lembrar das zombarias que aguentei das outras crianças.