CASOS DE AMOR ONLINE

Afonso sentou-se na privada para mijar. O telefone na mão vibrava com a chegada de mensagens instantâneas. Era a mulher de Afonso perguntando o que ele estava fazendo online àquela hora da noite. Depois de vinte anos de casados a rotina de conversas passou para a virtualidade do aparelho celular. Ambos moravam juntos num apartamento no centro da cidade, mas dormiam em quartos separados depois que a tecnologia invadiu seus lares. A mensagem dizia o seguinte:

– Tô vendo você online aí, e a vagabunda da sua secretária também. Quando ela saí, você também saí junto: ficam offline no mesmo momento. – O marido imediatamente responde a mulher pelo aplicativo instantâneo:

– Tô de olho em você também, estava online às três da madrugada de ontem, provavelmente respondendo mensagens dos machos. Achou que eu estava dormindo? Enganou-se. Tenho dois números de celular e estou vigiando suas entradas e saídas. Agora me diga o que você estava fazendo online às três da madrugada de ontem?

A mulher altera o status: online para offline, e retira a foto do aplicativo de mensagem, contrariando o marido:

– Por que você apagou sua foto e não me responde? Não sabe o que responder então né? – o homem continuava na privada e agora era possível ouvir do lado de fora do banheiro, a porta entreaberta, a urina caindo como uma torneira esquecida aberta, e de repente viu, quando levantou suas calças, um papel sendo enfiado debaixo do tapete. Saiu do banheiro em direção a porta, abaixou-se e pegou o papel dobrado. Estava escrito em letras estúpidas:

“Você está bloqueado. Esse é o primeiro passo do nosso divórcio.” O homem pegou uma caneta no criado-mudo e escreveu atrás do bilhete:

“O segundo passo é o desbloqueio, sem desbloqueio; sem divórcio. Boa madrugada para nós!

Ricardo Neto de Oliveira Mota
Enviado por Ricardo Neto de Oliveira Mota em 18/10/2019
Código do texto: T6773146
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