Não é nem isso!
Plebe rude tenta dialogar com Ascone:
- "Oi, Ascone, tudo bem?"
Ascone começa a murmurar do salário percebido. Para o que nada faz, acha que ganha pouco. Desconfia de tudo e de todos. Sempre com desejos de grandeza (soberba), tende a achar as pessoas estranhas. Considera-se normal, equilibrado e superior aos pares. Plebe tenta mudar de assunto:
- "Ascone, a política está meio tumultuada, não acha"?
-"Plebe, não é nem isso! Na verdade, as coisas estão meio alvoroçadas".
Plebe não entende a colocação e indaga (oh mulher teimosa!):
- "Mas alvoroçado não é sinônimo de tumultuado?! Mudemos de assunto: o que acha do Donald Trump?"
-"Não é nem isso! Na verdade, é o que Donald Trump deixa de achar!", responde Ascone com seu ar de superioridade.
Plebe, observando o constrangimento da situação, indaga:
-"Porventura é escrito junto, não é?" O ambiente se torna densamente perverso, opressor.
Ascone responde em tom alto, na frente da plateia que acha possuir:
- "Não, é separado. Aprenda: por-ven-tu-ra. Ninguém ‘obstroi’ a escrita".
Plebe, disfarçadamente, ri da situação. Sente-se vingada. Absorta, chega à seguinte conclusão: precisa fugir de Alcatraz onde está encarcerada com Ascone.
O problema é menos Alcatraz e mais Ascone. Completamente sem noção, egocêntrico por natureza, faz da vida de qualquer pessoa um inferno!
Depois de 15 anos, 3 meses e 16 dias, Plebe consegue o objetivo. Por outro lado, para Ascone, é como se Plebe nunca tivesse existido. Ele precisa sentir-se vencedor de algo ou alguma coisa. Quem não é estranho?
Do livro: PRINCÍPIO DO FIM.
@engenhodeletras