C a s a b l a n c a

Estava à deriva, ou seja, naquele tipo de dia tão bem definido por Zeca Baleiro na sua canção arretada: "Eu hoje estou tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar"

Passou o dia quase todo nesse chove-não-molha. Jururu. à noite, ainda bambo, foi remexer nos seus guardados e encontrou uma fita de vídeo. Era o filme "Casablanca". Foi pegar nele e foi logo sentindo uma certa leveza. Era arriado os quatro pneus por esse filme. Mas, antes de botar a fita no vídeo, foi à cozinha e pegou duas latinhas de Coca-Cola e fez dois sandubas de queijo prato. Entrou no quarto, fechou a porta, botou a fita e apagou a luz e sentou-se numa velha e puída poltrona. Sentiu-se como se estivesse no seu querido Cine Pipoca dos bons temos.

Logo começou a curtir o filme. África, Marrocos, Casablanca, segunda guerra mundial. Época que os nazistas pintavam o sete. Em Casablanca viviam os refugiados, doidos para escapar para os EUA, via Portugal. O filme conta a história de amor de Rick e Ilse, uma história conturbada que começara em Paris onde ele o abandonou. E, de repente, aparece no bar dele em Casablanca. O cara vibrou na cena que Ilse adentra no bar e pede ao pianista, Sam, que cante e toque a música que embalou o amor dela e Rick em Paris, "As Time Goes By". Ele atende ao pedido.

Mas ainda mais arretada é a cena em que o revolucionário tcheco faz a orquestra tocar e todos cantam a Marselhesa e ofuscam o hino alemão que os nazistas da Gestapo estavam cantando. Haja coração. Mas é a cena quase no final que arrebenta a boca do balão. É quando Ilse o tcheco vão tomar o avião para fugir. Foi Rick que armou essa fuga. Ela ainda hesita antes de entrar no avião com o tcheco e pergunta ao amado: - E nós Rick? Ele se faz de durão e responde: - Nós sempre teremos Paris.

Terminado o filme, o homem volta ao normal, o desalento desapareceu. Entende que sempre haverá Paris. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/10/2019
Código do texto: T6762351
Classificação de conteúdo: seguro