O QUINTAL DA NOSSA CASA
A sala de jantar da minha infância era grande, muito grande! Ou, talvez, eu que era pequenina, muito pequenina.
Para olhar pela janela e ver o quintal, eu subia em uma cadeira e debruçava_ me encantada.
Ali colado ao muro ficava o tanque _" de lavar roupa suja"; pensava eu:_ alguém lava roupa limpa?
Logo perto deste tanque, o galinheiro.
Uma enorme Ameixeira morava bem no meio deste quintal, floria e " frutecia" (adorava criar novas palavras!).
O balanço, que o vento levava pra lá/ pra cá, ficava pendurado no galho da Ameixeira.
Mas, o quintal da minha casa era mágico; morava ali um Mago.
Ele sempre sabia a hora que eu ia espichar o pescoço pela janela, e bastava fazer um movimento e ele começava a encantar_me: - formigas que cantavam, borboletas caminhavam em fila, carregando suas comidas, passarinhos brincavam de "esconde/esconde" nas raízes da árvore.
Ah, certa vez, papai plantou alguns pés de milho no quintal.
O que me mostrou o Amigo Mago!!
Vi ali o Homem de Lata, que queria um coração; o Leão, que procurava a coragem e o Espantalho a precisar de um cérebro.
Assim passei minha infância, no quintal da nossa casa, onde o Mago e eu víamos muito além do horizonte.
Ele me ensinou a enxergar além das aparências, a entender que nem tudo que se vê, é o que parece.
Todas as tardes, quando o sino da Matriz tocava avisando a Hora da Ave Maria, o Mago sumia.
Soube algum tempo depois que ele ia fazer uma prece para Nossa Senhora, isto, ele também me ensinou.
O que aprendi com o Mago do Quintal da Nossa Casa, é que ele gravou em meu coração o Amor incondicional!
Não tenho saudades dele; pois está aqui, agora, me observando escrever nossa história.
Nieta Ede, tarde de Primavera, chuvosa. Amo a vida.