1119-DECISÕES CULTURAIS
DECISÕES CULTURAIS
Tudo começou como uma brincadeira. A ideia surgiu quando diversas pessoas estavam reunidas no bar do Clube Social de Ventoleve, saboreando salgadinhos e docinhos feitos com esmero por dona Emerenciana, mulher do dono do bar.
Eram pessoas que haviam saído de uma palestra feita por Leandro Vergel, um dos mais aclamados do país, que atendera convite (por vinte mil cruzeiros) ao convite do Clube. O tema era sobre autoconhecimento e autoajuda.
— Que excelente palestra! — Falou com entusiasmo dona Clotilde Faria, diretora do Colégio Albert Einstein. —Como seria bom se tivéssemos mais palestras assim, pelo menos de quinze em quinze dias.
Do outro lado da mesa, o tesoureiro do clube, Renato Louzada, entrou na conversa:
— O Clube não tem tanto dinheiro assim...
— Os interessados poderiam cotizar e fazer uma vaquinha pra cobrir essa despesa.
—Ótima ideia, dona Clotilde. Vamos procurara mais pessoas que se interesse por esta ideia.
Eram todos muito otimistas e logo o entusiasmo tomou conta da turma.
—Talvez cinquenta pessoas?
— Sim, seria o mínimo.
O prefeito Alípio Muniz, com sua voz grave e pausada, disse:
— Olha, se cada um de nós ... e aqui temos quinze... conseguir mais três, chegaremos a um bom número.
— As pessoas que assistiram a esta palestra por certo participarão.
— Vamos fundar um clube cultural! Eliana Muniz, filha do prefeito, propôs.
O doutor Silas Salustiano, presidente do clube, aderindo ao grupo, disse:
— Vocês poderão se reunir no salão de reuniões do clube quando quiserem, para discutirem a ideia.
O presidente da Câmara de Vereadores Anor Teófilo de Souza propõe que na próxima reunião os que querem participar tragam sugestões, como o valor das contribuições e um nome para caracterizar a associação.
Escrevendo anotações para seu jornal, Roquete Malta levantou os olhos e falou:
— Tomei notas para uma reportagem e sugiro que estar notas possam ser transformadas em ata da pré-organização do nosso clube.
Todos concordaram e ele ficou já sendo escolhido como secretário.
Houve ainda algumas outras sugestões e ficou marcada nova reunião para a próxima semana.
A conversa continuou anima por mais meia hora, até que o Sr. José Adolfo, com elegância e delicadeza anunciou que iria fechar as portas mas que o grupo poderia ali permanecer o quanto quisesse.
Então se deram conta do adiantado da hora e se despediram.
Estava lançada a semente de um movimento que iria provocar uma importante revolução cultural em Ventoleve.
ANTONIO ROQUE GOBBO
Belo Horizonte, 12 de julho de 2019.
Conto # 1119 da SérIe INFINITAS HISTÓRIAS