OI, SUMIDA

A moça estava no balcão do bar há pouco mais de dez minutos, quando o rapaz se aproximou dela. Alto, bronzeado, com os braços cobertos por belas tatuagens. Ela, pequena e franzina, de uma fineza angelical. Bebia cerveja, sozinha, com as pernas cruzadas sobre o banco. Até então, tudo normal. Uma mulher, bebida gelada, num bar pouco movimentado. Até a chegada do moço, desajeitado e sem nenhuma criatividade de abordagem:

- Oi, sumida! - disse assim, como quem dá um tapinha nas costas de um amigo de longa data. Ela levantou o olhar e nada falou. Fiquei pensando onde ia dar aquela tentativa de conversa. A moça deu uma última golada na cerveja, jogou o dinheiro sobre o balcão, e antes de sair falou baixinho pro rapaz:

- Eu estava meditando, no Everest.

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 08/09/2019
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