O poeta de Marte
“No Mato Grosso é assim”. Isto é comum ouvir nas rodinhas de bate papos, esquinas, praças ou em qualquer lugar. Cada um tem uma historinha para contar, de sucuri é a mais comum. O que difere é só o tamanho da bicha, uma é sempre um palmo maior que a do outro. Há também as de onças, jacarés e demais bichos. Contudo, poeta de Marte é a primeira e juram que aconteceu.
Um estranho chegou à cidade, ele passaria despercebido em qualquer cidade do país. Naquela cidadezinha no Mato Grosso não foi diferente. Era de estatura mediana, pele e olhos claros, uns cinquenta anos, nada que chamasse a atenção.
João, o forasteiro, foi à secretaria de cultura e perguntou a uma senhora muito simpática: - sou escritor e gostaria de saber, há algum incentivo municipal a quem tenha habilidade em escrever? A senhora pediu se ele escrevia livros, no que João disse que não, mas tinha um blog onde deixava seus trabalhos. A mulher apontou para uma sala onde alguém poderia ajudar. Contudo, antes pediu se ele tinha obras suas para indicar. E João passou o endereço do seu blog. Depois seguiu para falar com outra pessoa.
Foi levado a sala e passado as apresentações, João repetiu basicamente a mesma conversa sobre o que buscava. E a pessoa disse que ele deveria esperar um pouco, pois quem poderia responder melhor João, estava em uma reunião. Neste meio tempo a conversa fluiu sobre as obras. Então João passou seu blog e quem estava com ele leu alguma coisa, disse que gostou. Nisto toca o telefone e João é levado à pessoa mais indicada.
João se apresenta, diz que veio de outro estado e que gostaria de dar mais notoriedade publicidade a seu trabalho. Não sabendo como agir, veio à secretaria de cultura, buscando saber se haveria como esta o ajudar.
A responsável então explicou que há um projeto, voltado a promover pessoas que trabalham com esta arte. Este seria votado na câmara dos vereadores e depois lançado em edital. Bastaria então que ele acompanhasse o tramite e no prazo buscasse apoio para seu livro. Sem mais, pois a explicação foi satisfatória, João deixou um telefone para contato e seu blog para apreciação dos alunos na biblioteca.
Enquanto João se dirigia par a saída, alguém o chamou e disse, - li Lágrimas de Vergonha, achei interessante. Despediram-se e João continuou rumo à saída.
No entanto, resolveu agradecer a primeira senhora, que tão simpaticamente lhe conduziu inicialmente em sua busca.
Entrou, deu bom dia e disse que estava feliz, pois, conseguiu alguma coisa. Elas sorriram e desejaram sucesso. No entanto, havia uma pessoa que não estava na sala quando João chegou. E ela pediu, - quem é ele? Uma das mulheres respondeu, - é o mais novo poeta da cidade. Nisto, ela olhou para João, que não entendeu seu olhar, ela parecia estar olhando para um marciano.
E João com medo daquele olhar estranho disse: - aqui tem o endereço do meu blog.
Entregou um papel a simpática senhora, onde se lia:
utopiaxrealidade Nascendo um mundo melhor.
E saiu rapidinho.
Paulo Cesar