O FALECIMENTO DO MORTO
UM DIA CONTOU ME UM VIAJANTE,
QUANDO ESTEVE EM UM VELÓRIO,
NA CASA DO MORTO AMIGO,
DONO DO CARTÓRIO, DA PEQUENA CIDADE DO ANDANTE.
AS PROSAS DE MADRUGADA, MUITO FRIO, A MULHERADA,
TOMAVA CAFÉ, PRA ESQUENTAR, ENQUANTO OS HOMENS TOMAVAM CHÁ.
ARREPIOU-SE O MANÉ, QUANDO VIU QUE ESTAVA DE PÉ, O MORTO APERREADO, NO CAIXÃO, A VELA AO LADO.
TODOS FICARAM ESPANTADOS, SAÍRAM GRITANDO, ABESTADOS,
QUE O MORTO HAVIA RESSUSCITADO. DESCERAM O MORRO A GALOPE, O MEDO ERA TÃO FORTE, TÃO ASSUSTADOR, QUE ESQUECERAM O CEGO VICENTE, NA CASA DO MORTO QUE RESSUSCITOU.
HORA, PERGUNTOU O CONTADOR, ESQUECEMOS O VICENTE, O COITADO FICOU LÁ, VAMOS VOLTAR PRA BUSCAR. FIQUEI NÃO, EU TÔ AQUI! TODOS OLHARAM ESPANTADOS, O VICENTE VEIO A CAVALO, COMO ELE CONSEGUIU SUBIR? NESSA HORA TUDO ACONTECE. O DEFUNTO RESSUSCITADO, FEZ ATÉ O CEGO VER, COITADO, NUNCA SUBIU NUM CAVALO, FEZ O POVO O ENALTECER. ENQUANTO TODOS SE SAFAVAM DO MORTO ACORDADO, O MORTO DE TÃO ASSUSTADO, ACABOU POR FALECER.