Basta gostar de brincar
Certa vez, vindo de Santa Catarina, pegamos a maior “tranqueira” nos 30 km que separam Imbituba de Laguna, mas apesar do sufoco de ficar 4h com o carro praticamente parado, confirmei o quanto a comunicação entre humanos, pelo menos infantis, é fácil. No carro a nossa frente estavam duas crianças, um menino de uns nove anos e uma menina que deveria ter entre 4-6 anos. Comecei a fazer os sinais do V e legal com as mãos. O menino não deu muita bola, mas a menina sorriu e começou a entrar na brincadeira e, de repente já tínhamos travado uma “amizade”. Ela me apresentou sua boneca e seu ursinho de pelúcia. Brincamos de casinha – ela dava mamadeira para sua filhinha, fazia carinho. Fiz o coração com as mãos e ela prontamente correspondeu. Fiz um desenho numa folha de papel e ela achou o máximo, acho até que deu rebu no carro porque ela foi atrás de “material” pra desenhar também. Trocamos várias obras de arte. O transito fluiu e o carro dela se afastou rapidamente.
Nomes uma da outra não trocamos, mas trocamos sorrisos e olhares que ela, provavelmente, já esqueceu, mas eu vou guardar na memória por um bom tempo. É o mundo mágico da infância que esquecemos na vida adulta, mas que pode nos tirar do sufoco assim, num simples sinal com as mãos, num olhar, num sorriso basta gostar de brincar!