O voo.
O voo saiu de Brasília com conexão em Recife até chegar a Teresina. Tudo que eu queria era uma poltrona ao lado da janela para dormir sossegada, a semana tinha sido cansativa. Infelizmente, a minha era a do meio. Essa poltrona deveria ser mais barata, pois é a pior de todas.
Mas, aprendi cedo que não adianta chorar pelo leite derramada nem pela lua. Nem o leite volta para a vasilha nem a lua vem até mim. Assim, para evitar aquela cena quase obscena que ficamos quando dormimos no avião - os olhos meio abertos, a boca escancarada e o pescoço em movimento de vai e vem -, sempre levo um lenço que uso para cobrir a cabeça.
Enquanto tentava dormir com o avião ainda em solo, o passageiro da poltrona da janela chegou. Era um homem com cerca de 1,80m de altura e pesava uns 150 quilos. Assim que se sentou ocupou metade do meu assento. Eu acabei pegando metade do assento do corredor.
Em seguida, o outro passageiro também chegou. Não prestei muita atenção, mas percebi que, literalmente, fiquei com metade da metade de uma poltrona. O último passageiro estava com as pernas totalmente sobre as minhas, estávamos grudados por falta de espaço. E, parecia querer apenas dormir, pois também colocou um lenço sobre os olhos.
Após o avião levantar voo, tentei encontrar uma posição mais confortável, mas, mal conseguia me mexer. Roguei alguma praga contra a companhia aérea por colocar poltronas estreitas nos aviões para lucrarem mais! O moço da poltrona ao lado, também procurando uma posição melhor, tirou o lenço do rosto por alguns instantes e perguntou se estava tudo bem.
Foi quando percebi quem era. Tive de súbito uma experiência a “Lá Damares”. Calma! Não vi Jesus na goiabeira, minha fé não chega a tanto. Respondi calmante que estava tudo tranquilo.
Claro que estava tudo tranquilo! Era nada menos que Túlio Gadelha do meu lado, como não estaria tranquilo? A perna dele em cima da minha era o preço a pagar por comprar passagem em promoção. Pouco tempo depois ele dormiu e se encostou em mim. Dormir logo em seguida vencida pelo cansaço e por aquele doce perfume que exalava dele...
- Senhora... acorde! Precisa descer. Chegamos à Recife.
- Ahnn? Chegamos?
Olhei em volta e não havia ninguém do meu lado. Puxa! Eu devo ter dormido assim que o avião decolou. Parecia tão real.
Desci ainda sonolenta. No embarque para fazer a conexão encontrei um colega de trabalho que também estava no voo:
- Leninha... eu estava preocupado contigo. Achei que fosse pedir à aeromoça para te mudar de lugar. Aquele era Túlio Gadelha, não era? O cara se acha! Tomou todo seu espaço e ainda dormiu em seu ombro. Você deveria ter pedido pra trocar de lugar.
- Sim. Claro que pensei nisso, mas, sabe aquele senhor gordo que estava do lado? Ele poderia entender que eu estava reclamando por causa dele. Não queria que ele se sentisse discriminado.
- Sim! Verdade. Nisso você tem razão. Bem pensado!
- Pois é . Mulher pensa em tudo!
Mas, aprendi cedo que não adianta chorar pelo leite derramada nem pela lua. Nem o leite volta para a vasilha nem a lua vem até mim. Assim, para evitar aquela cena quase obscena que ficamos quando dormimos no avião - os olhos meio abertos, a boca escancarada e o pescoço em movimento de vai e vem -, sempre levo um lenço que uso para cobrir a cabeça.
Enquanto tentava dormir com o avião ainda em solo, o passageiro da poltrona da janela chegou. Era um homem com cerca de 1,80m de altura e pesava uns 150 quilos. Assim que se sentou ocupou metade do meu assento. Eu acabei pegando metade do assento do corredor.
Em seguida, o outro passageiro também chegou. Não prestei muita atenção, mas percebi que, literalmente, fiquei com metade da metade de uma poltrona. O último passageiro estava com as pernas totalmente sobre as minhas, estávamos grudados por falta de espaço. E, parecia querer apenas dormir, pois também colocou um lenço sobre os olhos.
Após o avião levantar voo, tentei encontrar uma posição mais confortável, mas, mal conseguia me mexer. Roguei alguma praga contra a companhia aérea por colocar poltronas estreitas nos aviões para lucrarem mais! O moço da poltrona ao lado, também procurando uma posição melhor, tirou o lenço do rosto por alguns instantes e perguntou se estava tudo bem.
Foi quando percebi quem era. Tive de súbito uma experiência a “Lá Damares”. Calma! Não vi Jesus na goiabeira, minha fé não chega a tanto. Respondi calmante que estava tudo tranquilo.
Claro que estava tudo tranquilo! Era nada menos que Túlio Gadelha do meu lado, como não estaria tranquilo? A perna dele em cima da minha era o preço a pagar por comprar passagem em promoção. Pouco tempo depois ele dormiu e se encostou em mim. Dormir logo em seguida vencida pelo cansaço e por aquele doce perfume que exalava dele...
- Senhora... acorde! Precisa descer. Chegamos à Recife.
- Ahnn? Chegamos?
Olhei em volta e não havia ninguém do meu lado. Puxa! Eu devo ter dormido assim que o avião decolou. Parecia tão real.
Desci ainda sonolenta. No embarque para fazer a conexão encontrei um colega de trabalho que também estava no voo:
- Leninha... eu estava preocupado contigo. Achei que fosse pedir à aeromoça para te mudar de lugar. Aquele era Túlio Gadelha, não era? O cara se acha! Tomou todo seu espaço e ainda dormiu em seu ombro. Você deveria ter pedido pra trocar de lugar.
- Sim. Claro que pensei nisso, mas, sabe aquele senhor gordo que estava do lado? Ele poderia entender que eu estava reclamando por causa dele. Não queria que ele se sentisse discriminado.
- Sim! Verdade. Nisso você tem razão. Bem pensado!
- Pois é . Mulher pensa em tudo!