Rio das Pedras
A estrada de terra batida levava até uma linda cidade de árvores frondosas.
As magnólias possuíam folhas pequenas e grandes flores de pétalas grossas nas pontas dos galhos. Havia também muitas árvores de fruta-pão, cujas folhas espaçadas e finas, e os frutos grandes e arredondados, são fartamente utilizados na culinária local, juntamente com carne de gado ou bode.
A primavera estava no ar, borboletas amarelas coloriam ainda mais a cidade do interior do Nordeste. Em 1918, Rio das Pedras era uma das cidades mais importantes da redondeza, e fora fundada pelo reino português para extração de minério.
A cidade toda era circundada por um rio de águas cristalinas, de onde saltavam peixes na época da Piracema. Pedras brancas arredondadas compunham a beleza do lugar. Os habitantes eram poucos e tinham vindo de cidades vizinhas para trabalhar na mineração. Havia trabalho para todos, a comida era abundante e, onde há trabalho, a felicidade é constante.
A vida seguiu farta e feliz por muitos anos.
Com o passar do tempo, devido ao clima árido e à erosão, a cidade foi definhando, a mineração diminuiu, o rio foi secando e já não havia quase peixes.
A velha árvore, que um dia fora frondosa, também sofre o sinal dos tempos: os pequenos brotos que nascem, caem ainda pequenos, sem florescer, e até as árvores de fruta-pão, que alimentavam famílias, secaram com a mudança de clima na região.
A planta que ocupa espaço agora é a palma forrageira, um tipo de cacto de aparência espalmada, muito nutritivo, usado no sertão tanto para a alimentação humana quanto para os animais.