UM DIA E ATÉ NUNCA

Seria apenas um dia comum, não fora aquele olhar matreiro e sedutor da bela passante de olhos verdes e cabelos claros. Parei no cruzamento de nossos olhos e voltei-me em trezentos e sessenta graus. Fiquei olhando aquele caminhar de ninfa, indiferente aos cascalhos da calçada amarfanhada pela incompetência publica. Ia segui-la até o fim dos evos quando ela se voltou e veio até mim. Aquele rosto de uma beleza simples e ao mesmo tempo sutil tomou-me de assalto. Rendi-me sem condições. Poucas palavras. Apenas sorrisos pueris e frases soltas. Demos as mãos e saímos da realidade do mundo em direção à dimensão dos sonhos. Certamente coisa de outras vidas, ainda ousei pensar. Melhor que seja inteiramente para esta(vida).
Sem embargo, diria um causídico amigo meu, certamente hoje deveria ser um dia incomum, não fora aquele bilhete perfumado, espetado gentilmente no travesseiro ao meu lado, vazio e amarrotado: "Foi muito, muito bom. Fica bem. Até uma próxima rua...ou até nunca."