1114-O GOLPE DA VISTORIA TELEFONICA

O GOLPE DA VISTORIA TELEFÔNICA

Estava no meu jardim, defronte ao portão de grades, quando se aproximou um senhor de boa aparência, cabelos grisalhos, baixo e magro, com mochila nas costas, acompanhado de um rapaz mulato, esquálido e de carapinha alvoroçada.

— Bom dia, senhor – me diz da calçada, estando o portão fechado. – Sou técnico da Telefônica e estou fazendo uma visita para vistoria na instalação do seu telefone. É grátis e tem garantia.

Olho para um crachá pregado ao bolso, sem perceber exatamente qual era a telefônica.

Antes que eu possa responder, aproximam-se duas senhoras miúdas, magras, que entram na conversa, falando das vantagens da vistoria, que ele, o técnico, tinha feito em seus apartamentos, e que valia a pena deixar fazer a vistoria.

Falam sem cessar, e não dão tempo para resposta. Fico encabulado, sem saber como fazer, e o técnico também parece surpreso.

—Para, para – falo em voz alta – deixa o técnico explicar.

Sem que me desse conta da besteira que estava fazendo, abri o portão e o técnico, o rapaz e as duas mulheres se adentraram no alpendre. Então percebi que a situação era muito estranha.

— Ah! |Não preciso de vistoria alguma, todos meus aparelhos estão funcionando bem. — eu disse. — Em todo caso, vou telefonar para a sua telefônica, e confirmar a sua visita.

Quando estou digitando um numero no celular, ouço uma voz forte, cavernosa, como se vindo do céu, que diz:

— TELEFONA PARA A POLÍCIA!

É o Chicão, vizinho, morador do apartamento no terceiro andar do prédio defronte à minha casa.

Ao ouvirem a voz, os quatro personagens saem atropeladamente pelo portão aberto.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 11 de junho de 2019.

Conto # 1114 da SÉRIE INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 02/07/2019
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