Chabu no "Havaí

Era um cara que dava sorte comas mulheres. Quando cismava conquistar uma era tiro e queda, favas contadas. Não, não era exibido, mas assumia uma certa vaidade por nunca ter se dado mal nas empreitadas amorosas. Não, não se vangloriava, mas não cortava no ato os elogios sobre seus sucessos amorosos. No fundo senti satisfação com a fama e com o fato de nunca ter curtido um trauma na área do amor. Sabia que nisso era craque.

Por outro lado, era bem de vida, aproveitou a herança deixada pelo pai e venceu no comércio. Todos os anos trocava de carro. Nu ds anos setenta adquiriu um Impala e a sua galera da época comentou qual dama iria estrear o carro novo em folha. Foi justamente quando chegou à cidade um médico vindo do recife com a família. Dentre os filhos havia uma morena cor de jambo parecida com Sophia Loren no auge da carreira. Uma morena desinibida, alegre, risonha e com os olhos tipo jabuticabas, olhos de ressaga e de cigana que nem a Capitu de Machado de Assis. Ganhou logo da rapaziada o apelido de "Pecado Ambulante!", devido ao samba=canção cantado por Nelson Gonçalves.

Quando Paulo, o carinha do Impala, botou os olhos nela e ela nele, a atração foi mútua. O nome dela era Brígida, era escolada, desinibida, livre de preconceitos. Começaram o namoro nos conformes, volt na praça, escurinho do cinema, bailes, amassos no carro e... depois, claro, uma noite caliente no novo motl da cidade, o "Havaí". Já chegaram naquela base, o desejo explodindo, no quarto tocava baixinho a música "Cavalgada" com o Roberto Carlos, foram se livrando das roupas e se agarrando e se beijando om sofreguidão... Detalhe: quando começaram a função ele ouviu ela sussurrar no seu ouvido baixinho algo que não entendeu direito um "Marce...", foi justamente quando o Rei cantava "Estrelas mudam de lugar/ chegam mais perto só pra ver...". Bom, quando Paulo começou a prospecção no corpo da morena e chegou no alto da coxa direita aí viu e ficou perplexo uma tatuagem com o nome Marceloe um escudo do Sport Clube do Recife, um leão. Ora, ele tinha um desafeto no Recife que fora atleta desse clube, inimizade do tempo que estudara no Nóbrega na capital, além disso detestava o Sport. Resultado, Paulo deu chabu, broxou na hora que nem caldo de cana. Não teve jeito de engatar novamente a marcha. Elegante, escolada e muito viva, Brígida notou que ativara um trauma antigo com sua tatuagem, Se vestiram sem dar uma palavrae fim de papo.

O interessante é que Paulo, um sujeito muito franco, temos depois, já quando a morena fora embora da cidade, relatou o fato, sem esconder nenhum detalhe. Confessou o seu único insucesso. Nunca esquece o a morena, ne a sua tatuagem que redundou no chabu. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 27/06/2019
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