Som alto, porta malas aberto e o eco vibrando num funk pesadão na avenida. Quatro garotos entre 18 e 20 anos de bem com a vida. Álcool era combustível pros dois motores, literalmente. No point mais badalado, um dos meninos, no ímpeto da emoção, se desloca com o corpo pra fora do carro, quando de repente o maior impacto de sua vida: lá estava ele, Chumbinho, um corpo pesado no chão. Chamaram o socorro, mas o menino malhadão que tinha acabado de ganhar um carro como prêmio para o vestibular, primeiro lugar na federal, se foi. A tragédia acabou com Alto Cruzeiro. O motorista foi indiciado por homicídio culposo. O pai da vítima ao encontrá-lo afirmou que os seus dias estavam contados, já que apodreceria na cadeia. Sander se negava a acreditar: perdeu o melhor amigo e era um criminoso. Doze quilos a menos, CONTANDO OS DIAS para o julgamento, apesar de a sociedade já fazer seu papel condenatório nos olhares recriminadores. Num clima de dor e tristeza, na audiência, a família de Chumbinho, único filho, insultava Sander com palavras de ódio e vingança. O rapaz foi condenado: prestação de serviços comunitários (réu primário) e perda do direito de dirigir provisória (embora motorista), sob alegação de que era responsável pelo que ocorre no veículo. Na saída, ao olhar pra mãe do amigo, sua pior sentença: - Você matou meu filho e jamais terá paz! Sem pensar talvez, que o próprio filho, abriu a janela e se pôs para fora indo de encontro ao poste que lhe tirou a vida...
Desafio Bviw- Contando os dias (não para morrer)- 18 linhas (2 a mais)- Contos
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