FESTA JUNINA.

Anarriê, balancê. O mês de junho chegou! Fogueira pra se aquecer. Olha a cobra!!!! A ponte quebrou!!! Cavalheiros a direita. A esquerda as moças bonitas. A grande roda da quadrilha está feita. Caipirinhas com laços e vestidos de chita. Barracas de milho no arraial. Namorados provam maçã do amor. Quebra-queixo, pastel sem igual. Bandeirinhas de toda forma e cor. No alto o mastro de São João. Pau de sebo diverte a molecada. Buscapé, bombinhas, rojão. Barracas de cocada e pipoca caramelizada. Quentão, vinho quente, cerveja e cachaça. Pinhão, tapioca, canjica, mugunzá. Barraca do beijo com moça feia é sem graça. Cheiro de pipoca quentinha no ar. No palco está pegando fogo o forró. Churros, pamonhas no tacho. Simpatia pras solteironas não ficarem só: se quer namorado, coloque o santo Antônio de cabeça pra baixo!!! Barracas do coelho e da pescaria. Bingo pra ajudar as entidades. Corrida do saco é pura alegria. Diversão com muita solidariedade. Cadeia, correio elegante. São Pedro também é comemorado. O pão de Santo Antônio, o padre garante: quem o comer logo estará casado!!!! De repente, silêncio total. Um moço de batina entra no centro do arraial. Microfone na mão, anuncia: -" Boa noite, amigos e amigas. Eu, padre Januário, quero convidar a todos pra assistirem o casamento na roça. Que entrem os noivos, Mundinho e Bastiana!!!!" Aplausos aos noivos. Mundinho tem uma carabina apontada pras suas costas. Ele anda cambaleando, bêbado. O pai da noiva o empurra com a arma. -" Anda logo, bocoió!!! Vai casar agora ou vai pra terra dos pés juntos!!!!" O padre leva as mãos a cabeça. -" Eiiii.... senhores!!! Essa é uma cerimônia religiosa!!! Respeito...." A mãe da noiva se intromete. -" Esse pudim de cachaça não fez cerimônia pra embuchar a inocente da minha Bastiana. Coitadinha, uma pobre menina de trinta e oito aninhos!!!!" O delegado chega com o juiz de paz. -" Seu padre, esse sujeito é procurado. Buliu com Mariquinha, filha do compadre Anastácio." A noiva deu um beliscão no braço do noivo. -" Vóismessê me enganou, Mundinho?? Falou que eu era a única!!! Bicho traiçoeiro!!!" O noivo suava frio. -" Ela é mais bonita que o ocê mas foi só um beijinho!!!" Uma gritaria se formou. Um empurrando o outro. O juiz dá um tiro pra cima. -" Silêncio nessa zorra. Perdão, padre. Bem, acho melhor chamar a senhorita Mariquinha ao tribunal, digo, arraial. Seu delegado, por favor!!!" O delegado chamou seus dois ajudantes. -" Cabo Campos....

guarda Nascimento....tragam aqui a senhorita Mariquinha, por favor!!!" Os policiais encontraram a moça na barraca da tapioca. Mariquinha não entende nada. Minutos depois o juiz interroga a moça. -" Senhorita Mariquinha. Responda sinceramente, beijaste o senhor Mundinho, noivo de Bastiana???? A moça sorriu. -" Sim. Uma vez apenas. Que há de mal? Beijo não engravida!!!" O padre fica surpreso. -"Não?!??" Pai e mãe do noivo se olham. " Eu também não sabia disso. Sempre quis um marido rico e lindo igual o Lima Duarte mas meu pai me fez casar com esse traste porquê a gente se beijou, oras!!!!" Disse a mãe da noiva. O noivo pisca pra Mariquinha. O pai da noiva dá um tapa na cabeça do noivo. " Arriégua, sujeito tinhoso. Se piscar de novo, morre!!!!" O noivo pegou no cano da carabina. -" Alivia aí, sogrão. Está furando minha espinhela!!!" O padre tocou um sininho. -" Continuemos, meus caros. Senhor Raimundo Tibiriçá, conhecido por Mundinho, filho do compadre Tinoco. Aceita se unir em sagrado matrimônio com Sebastiana Roseira das Rosas, filha do compadre Malaquias.... amando e respeitando a moça, nos dias bão ou ruim, pra sempre????" O noivo suspira. Olha pra noiva. -" Fazer o que, né!?? Aceito sim." A noiva chora. Os pais da noiva choram. O padre prossegue. -" Senhora Bastiana, aceita esse traste... perdão!!! Esse moço, Mundinho, por seu esposo. Promete ser fiel, amar e respeitar, naqueles dias e nos outros também, etc, etc.... todos os dias de sua vida???" A noiva dá um sorriso do tamanho do mundo. -"Eu quero sim!!!" Aplausos aos noivos. O padre prossegue. _" Alguém aqui que tenha ou saiba de alguma impedimento pra esse casório?? Fale agora ou cale-se pra sempre!!!" Silêncio total. Os noivos olham para o povo. -"Eiii, seu padre, pula a pergunta e vai logo pro beijo!!!!" Pede o noivo. Um moço vai até o altar. -" Eu tenho, padre. O Mundinho me deve duas cabritas!!!" O riso é geral. O juiz explica. -" Seu Saturnino, isso não é motivo pra impedir o casório!!!!" O noivo levanta o dedo. -" Eu não posso pagar agora. Devo, não nego. Vem cá, Saturnino!!! Vai ser meu padrinho. As cabritinha ficam como presente de casamento!!!" E assim, Saturnino virou padrinho do noivo. O padre limpou o suor da testa. -" Encerrando, finalmente. Sem impedimentos, declaro Mundinho e Bastiana casados!!! Pode beijar a noiva." Mundinho agarrou a noiva mas foi separado pelo sogro. O padre está satisfeito!! Fim do casamento caipira mas a festa junina continua..... F I M.

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 01/06/2019
Reeditado em 01/06/2019
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