Pedro Henrique

Sempre houve no passado muito preconceito. Era realmente um tempo mais ameno mas o preconceito contra os pobres era tremendo. E era ainda maior quando o pobre era negro. Duplicava.

Numa cidade do sertão pernambucano existia uma família dita tradicional que exagerava no preconceito e se achava sangue azul. Nao era a mais numerosa e nem mais poderosa, mas a mais elitista. As empregadas domésticas eram submetidas a toa sorte de humilhação, só entravam pelo portão de trás, não podiam ir na sala e ne dirigir a palavra a nenhum dos integrantes do "nobre clã", os gases nobres. Só faziam receber as ordens e executá-las. Acontece que na cidade existia uma cozinheira famosa, uma negra rebelde e que só trabalhava cozinhando em festas grandes. O resto do tempo se dedicava a cuidar dos seus porcos, engordava-ós par vender, dizia que dava mais dinheiro. Certa feita foi contratada para fazer o jantar de uma festa na csa da tal família tradicional. Lá chegando cometeu o primeiro erro, entrou pela porta da frente e em certo momento se rebelou contra um esporro que levou da filha do dono da casa, uma dona que era considerada a mulher mais chata da cidade. Pensem numa mulher chata. Terminou de fazer o tal jantar, recebeu seu pagamento e foi embora, mas jurou a si mesma qua ainda se vingaria do esporro da metida a nobre.

Passou o tempo, ambas e=de casaram. E a nobre teve um filho que colocou o nome de Pedro Henrique, nome dos paia do casal, ela orgulhosa dizia que também era nome de um imperador e de um rei. Aconteceu que mais ou menos um mês depois a cozinheira também teve u filho, e, imaginem, botou também o nome de Pedro Henrique. O padre já temendo a confusão ainda tentou,no batismo do Pedro Henrique negro e filho da cozinheira negra e pobre, dissuadi-la de não dar esse noe ao filho, mas não logrou êxito, inclusive foi chamado às falas pelo padrinho do menino, um funcionário dos Correios que era desafeto da família nobre. O meso ocorreu no cartório, o oficial de registro aconselhou a colocar outro nome, mas foi chamado às falas pelo sujeito dos Correios.E o menino foi batizado e registrado como Pedro Henrique. O caso foi muito comentando na cidade e dona nobre ficou uma fera. as nada pode fazer, só ficar indignada. Mas o pior viria anos depois;

Quando os meninos ficaram com quatro ou cinco anos, era comum a cozinheira passar quase todos os dias pela calçada da casa da nobre carregando uma lata de lavagem que buscava na casa de algumas pessoas e levando o filho de lado, e sempre gritando na frente da caa dos gases nobres: - Pedro Henrique, seu danado, ande direito, voê tem nome de imperador e de rei, tem que se portar como nobre. E ria gostoso. O funcionário do Correio e outras pessoas que não gostava dos nobres, adoravam a provocação ou o sarro.

O interessante é que o Pedro Henrique da empregada conseguiu vencer na vida em São Paulo, formou-se e se tornou um excelente engenheiro. Quanto ao Pedro Henrique nobre virou um obscuro funcionário púbico. Coisas da vida. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 01/06/2019
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