Escondida na ilha
Ilhabela era linda com Mata Atlântica nos morros. Praias com mares de costões rochosos se misturavam com mares de areia. Mares de manguezais com siris e caranguejos cuja vida é determinada pelo sobe e desce das marés. Cardumes de peixes nadando no mar. Bando de tucanos colorindo de preto, branco e amarelo o azul do céu. Cachoeiras pintam de branco o verde dos morros.
Era uma moça doida, maluca, pirada, ingênua, imatura e covarde. Uma moça sem eira nem beira. Uma moça que não tem nada na cabeça. Uma moça que tinha uma filha mais velha e um filho mais novo. Uma moça que jogava seus problemas e responsabilidades nas costas dos outros. Deixava seu piano para sua mãe e seus dois irmãos carregarem. Seu pai jogou sua mãe, os três filhos e os dois netos no lixo da história. A moça morava e se escondia numa ilha. Uma moça que se escondia numa ilha para fugir dos problemas e desafios que a vida coloca para todos nós. Se escondia em Ilhabela. Casou-se com um músico que não tinha grana para sustentar seus filhos. Um músico era uma mala sem alça que não tinha nada na cabeça também. A vó sustentava os netos, a mãe e o mala do pai das crianças. Mas a natureza e a beleza da ilha não são um refúgio seguro para quem quer fugir dos problemas e desafios que a vida impõe diariamente para todos nós. Não existe refúgio seguro para fugir dos problemas.
Mas de nada adiantou fugir para uma ilha para se esconder dos problemas. Ao sair da proteção da ilha e dos parentes se deparou com uma onda de problemas cada vez maior. E a onda de problemas não para. As ondas de problemas existem para cada um de nós. E as ondas de problemas existem para serem encaradas, enfrentadas e resolvidas. Então você deve construir uma canoa para enfrentar e vencer as ondas de problemas da vida. Você pode construir um barco também. O barco e a canoa são construções que devem ser realizadas de forma coletiva para que se possa navegar nas ondas da vida enfrentando e encarando de frente os problemas e desafios.