Frutinhas da infância
A viagem para Imbituba-SC teve que ser feita as pressas, pois os vizinhos avisaram que uma rajada de vento de um tal ciclone, que se formou por causa de uma frente fria vinda não se sabe de onde e se chocou com uma área de convergência não se sabe de que gráfico do planeta derrubou a querida mandioqueira de jardim, plantada há mais de vinte e cinco anos, e os galhos bateram nos fios da rede de energia elétrica.
Para evitar a BR 101, que no Rio Grande do Sul tem uma oscilação de velocidade horrível a viagem foi feita pela Estrada do Mar, cuja velocidade não oscila, o limite é de 80km/h mesmo. A velocidade baixa permite que o motorista olhe um pouquinho a paisagem natural e, ele diz:
– nossa como tem arumbeva aqui!
- arumbeva, que é isso?
– esses cactos ai olha
– arumbeva, nunca ouvi falar!
A curiosidade leva direto ao "tio Google", já que agora o casal de idoso tem internet no celular - exigência dos filhos, pois precisam vigiar os pais pelo “zapzap”!
E lá estava a designação da tal Arumbeva – Opuntia viridiruba da família Cactacea cheia de propriedades excelentes para o ser humano. Veio à pergunta:
– como tu conheces a Arumbeva?!
– ah, porque “lá fora” - Barra do Ribeiro, a gente comia a fruta. Tu nunca comeu?
– essa nunca
E o papo se desenrolou sobre as frutinhas silvestres que comiam na infância:
Arumbeva, é claro; Morango do Mato; Joá (que chamavam de enjoa e tínham que ter cuidado pra não confundir com o Mata-Cavalo); Bibi – que elá comia a florzinha e ele o bulbo; uma florzinha (não lembraram o nome) que puxavam o pistilo e sugavam o néctar; Cereja do Mato; a boa e velha Pitanga e muitas outras que os sabores ficaram mas os nomes se perderamn nas memórias.
O estrago na casa não foi grande, mas a mandioqueira, achavam que dessa vez não irá se refazer. É da vida.