O galo Zico

O galo Zico, vivia feliz comandando o galinheiro, onde as galinhas Catarina, Branquinha, Urubuzinha, Amarela e Ruivinha cumpriam direitinho a postura diária de ovos. Todos galináceos vindos de Santa Catarina. Porém, uma doença acometeu as penosas e uma a uma foram morrendo. O galo Zico ficou sozinho no galinheiro. Ciscava naquele baita terreno o dia todo e cantava bem forte – COCORICÓ, COCORICÓ... Na casa, as mulheres diziam que a cantoria era de alegria pela viuvez, já a opinião do homem era que o galo estava perguntando pra vizinhança se não tinha nenhuma donzela disponível pra casar. Inclusive, no cacarejava, Zico dizia que tinha muitas riquezas pra abrigar até mais de uma concubina, tipo: galinheiro com dormitório, comida farta, bastante sombra, grama pra ciscar...

Como os machos alfa protegem uns aos outros como ninguém, o homem prometeu ao Zico que lhe traria duas cocós catarininhas de novo, mas como não foi possível o transporte das penosas, para que o galo não ficasse decepcionado, o jeito foi conseguir duas "galunchas" (galinhas gaúchas) mesmo. Chegaram, duas carijós bem gordas, mas o Zico, pra variar, saiu cantando de galo e já batendo nas pobres coitadas, dando início a novas brigas-separações-reconciliações-gritarias no galinheiro... tudo de novo! Devido as brigas, o humano batizou as galinhas com os nomes de Isaura e Malvina, personagens da novela a Escrava Isaura, onde as duas mulheres sofriam nas mãos do algoz Leoncio, no caso delas o Zico mesmo.

Mas as relações se acalmaram depois que o Zico viu que o feitor estava mais pra proteger as duas galinhas do que a ele. As duas coitadas tiveram que ficar separadas, o galo teve a asa podada, para cumprir a medida protetiva e não voar para junto delas. Depois de uns vinte dias de reabilitação, Isaura e Malvina começaram a produzir os benditos ovos. Surpresa maior foi no tamanho do ovo da Isaura, como que agradecendo a acolhida e a proteção a danada botou um ovo que vale por dois, com duas gemas e assim os humanos retornaram ao uso de ovos frescos e orgânicos na alimentação diária, agradecendo a Deus por esse alimento.

Quanto ao Zico, aprendeu a conviver com as galinhas, mas sempre sob vigilância, porque galo é galo!

Tânia França
Enviado por Tânia França em 26/04/2019
Reeditado em 16/07/2019
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