Jogue a Rede, Meu Filho (Parte II)

E continuou: "Você deve ser o responsável pela barraca do peixe-frito. Não vai precisar de dinheiro nenhum, porque você é quem vai pescar os peixes." E acrescentou: " Assim ordenou o Senhor: Na sexta-feira que antecede os dois dias da festa, você vá sozinho até a lagoa levando apenas dois cestos. Entre em uma canoa que vai estar amarrada bem ao pé daquele enorme cajueiro que fica logo depois da ponte. Dentro dela você vai encontrar uma rede de pesca. Então, quando o relógio marcar exatamente sete horas da noite, lança-te ao largo; vá remando devagar e observe no espelho d'água, o sinal que ELE vai lhe dar. O sinal é esse: no local exato em que a imagem da lua se refletir no lago, ali estarão todos os peixes que você vai precisar para, em menos de uma hora, encher os dois cestos. Você deve pegar apenas o suficiente para encher os dois cestos; nada mais. Fique atento para este sinal. E tem mais: você não deve comentar desta nossa conversa com ninguém até que tudo tenha se concretizado!"

Seu Pedro acordou ainda no meio da noite, correu para pegar uma caneta e, em um papel, anotou tudinho... E cheio de alegria voltou a dormir.

E chegou a sexta-feira. Seu pedro não via a hora de partir para o lago. Já no início da noite, munido de dois cestos, para lá se dirigiu. Logo ao atravessar a ponte ele viu uma pequena canoa amarrada. Ao aproximar-se viu que dentro dela estava uma rede de pesca, tal qual o anjo lhe dissera. Ele colocou dentro os dois cestos e ficou aguardando a hora marcada. Quando o relógio marcou sete horas da noite ele puilou para dentro da canoa e foi remando em direção ao meio da lagoa, ao mesmo tempo em que, de olhos bem atentos, procurava pelo reflexo da lua na superfície do lago. Mas, cadê a lua que não aparecia? A noite estava clara, mas haviam algumas nuvens, que encobriam a lua... O tempo passava, e nada de lua; nada de sinal... E Seu Pedro pensava: "Será que tudo não passou apenas de um sonho?" E ele mesmo respondia: "Não; não pode ter sido só um sonho. O Meu Senhor não seria capaz de fazer uma coisa dessas comigo. Eu tenho procurado ser um bom cristão; participo das Missas, rezo o Terço, não faço mal para ninguém... Não. Tenho certeza de que não foi apenas um sonho..."

E seu Pedro esperava... Mas já estava se desesperando com o passar das horas. E, nas suas inquietações, ele se ajoelhava no fundo da canoa e rezava clamando ao Senhor para que não se esquecesse dele; ficava tão contrito em suas orações que até já havia se esquecido de observar a superfície da lagoa. De olhos cerrados, orava insistentemente, pedindo ao Senhor que não o decepcionasse. Ele pedia. Ele clamava. Ele implorava...

Até que em um certo momento, já em prantos e quase em desespero; ainda de olhos fechados clamou em voz alta: "Senhor! Por favor, me diga o que foi que eu fiz de errado para que me fizesse passar por isto que estou passando? Porque me fizeste acreditar que poderia conseguir os peixes para a festa do padroeiro, se nem um peixinho eu consegui?..."

Então, uma voz maviosa, doce e profunda, como que se lhe acariciasse os ouvidos naquela suave brisa noturna, se fez ouvir: "-Jogue a rede, meu filho! Pelo menos, jogue a rede!..."

Orar é necessário; é indispensável. Mas também é preciso 'jogar a rede'.

ORAÇÃO: Orar + Ação / Orar e Agir.