Jogue a Rede, Meu Filho (Parte I)

Em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais havia um povoado, onde todos os domingos parecia dia de festa. Lá existe uma pequena e bem cuidada praça onde, em torno de umas pequeninas mesas que estrategicamente ficam em frente à única padaria, costumam se reunir, logo após a missa das sete da manhã, pequenos grupos de pessoas da chamada 'terceira idade', que ali ficam por horas 'tricotando', e por que não dizer; 'fofocando', sobre os últimos acontecimentos da semana.

Entre aquele grupo de assíduos frequentadores, um se destacava, exatamente por ser o mais falante; Seu Pedro.

Seu Pedro, que do alto dos seus setenta e tantos anos ; 'muito bem vividos', como costumava dizer, era um sujeito sempre alegre e sempre cheio de histórias para contar. Falava sobre tudo. Parecia estar sempre por dentro de todos os assuntos, tendo sempre, na ponta da língua, um comentário bem apropriado.

Seu Pedro era uma pessoa muito conhecida e respeitada naquela localidade, pois além de ser muito carismático, era também um dos mais antigos sacristãos da Paróquia de São Pedro, que ficava bem no alto de uma pequena ladeira que começava bem no centro daquela pracinha.

E assim como a maioria dos moradores daquela localidade, Seu Pedro também era devoto de São Pedro. Dizia ele que o seu nome foi uma homenagem que sua mãe fez a São Pedro, por causa de uma promessa que ela fez quando ele nasceu, pois teria nascido muito fraquinho e 'quase que não vinga', o que só aconteceu graças à intercessão do santo padroeiro. Ele já estava aposentado há mais de dez anos. E nas festas do padroeiro, que aconteciam um final de semana; ele era um dos principais organizadores da quermesse, sendo também uma das pessoas que mais contribuíam com doações para as barraquinhas.

Mas houve um ano em que, cerca de dois meses antes da festa, um pequeno incêndio destruiu grande parte de sua casa, e ele amargou um grande prejuízo na reconstrução do que o fogo destruiu, contraindo muitas dívidas com os materiais de construção. E quando faltava uma semana para a festa, ele percebeu que não tinha a mínima condição de dar a sua contribuição, como costumava fazer todos os anos. Isto o deixou muito triste. Foi então que, certa manhã, ele foi até a igreja; ajoelhado diante do Sacrário, muito contrito, pediu: "Senhor, eu quero participar, como sempre tenho participado, da festa do meu padroeiro. Me ajude Senhor! Na situação em que me encontro eu nada posso fazer, mas acredito e sei que só o Senhor pode me ajudar. Me diga o que eu preciso fazer para participar desta festa do padroeiro, ajudando a minha igreja..."

Após sua oração diante do Santíssimo, seu Pedro saiu da Igreja se sentindo mais aliviado... Ele não sabia como explicar, mas aquela tristeza que até então vinha sentindo, havia dado lugar a uma grande paz em seu coração.

E foi assim que naquela mesma noite, sentindo-se 'com a alma lavada e o coração em festa', ele foi dormir. Então ele teve um estranho sonho... Sonhou que estava na igreja, colocando as suas vestes de sacristão para ajudar na Missa, quando alguém mansamente, por trás, lhe tocou o ombro; e ao virar-se quase 'teve um troço' quando viu que se tratava de um anjo, que lhe sorria. Passado o susto, ele balbuciou: -é um anjo! Afirmando com um leve meneio da cabeça, o anjo lhe falou: "O Senhor ouviu suas preces de hoje, e me enviou para lhe dizer o que você precisa fazer para ajudar na festa de São Pedro."

ERCalabar
Enviado por ERCalabar em 22/03/2019
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