O UNIVERSO CASUAL

Eu sabia que eu entregando meu coração, você me pagaria.

Pagaria parcelado, com idas e vindas de amor vinculado com casualidade.

Casualidade nosso sobrenome, um dia na terça outro no sábado e por fim no chão.

Chão é aonde eu estou agora, apaixonado por um idiota que prefere vinho seco do que cerveja.

Cerveja, aquela bendita foi a mesma que eu tomei quando nós se olhamos pela a primeira vez, eu estava bêbado.

Bêbado da vida, pelos meus pais, de mim mesmo te encontrei.

Encontrei você encostado na parede, queria jazz com sexo e Martini, eu olhei pro saxofonista por que eu queria ele.

Ele me olhava e sabia que eu estava pelo som do saxofonista, eu queria aquela barba e aquela camiseta xadrez.

Xadrez fiquei eu de vergonha, quando você chegou em mim e disse, Oi.

Oi, disse eu assustado, com vergonha fiquei vermelho, azul, amarelo.

Amarelo é a sua cor favorita, poxa! Por que eu lembrei disso agora.

Agora nós estamos juntos conversando sobre música, sinceramente esqueci totalmente do saxofonista, eu explicando por que falo tão rápido e que sou ambidestro.

Ambidestro era ele também, que pegou no meu braço e disse: Quer ir embora daqui?

Daqui pra frente eu não aceito mais nada casual, se pra bebida sou fraco imagina pra sexo?

Sexo, é o que ele queria, eu em estado abstrato queria também, mas sou meio blasé pra algumas coisas, que só queria visitar o maior prédio da cidade.

Cidade deserta e eu só pensava coisas aleatórias, ele me olhando fixamente nos meus olhos e eu pensando na segunda-feira e se eu iria me arrepender.

Arrepender? Foi tarde de mais, ficamos á noite juntos, me acordei atônito, sonhei que estava em casa, mas estava no quarto dele, tudo cor de creme.

Creme era a cor da cueca dele, não acredito que dormi com um cara que usa cueca cor de creme, preciso ir embora.

Embora eu tenha gostado de tudo, ele é perfeito, só é de leão, esses signos ainda vão me matar.

Matar eu queria mesmo, tomando banho naquele banheiro que é maior que minha sala, eu queria sair correndo, fugir.

Fugir pra rua lado, pra próxima parada, pegar o copo de tequila.

Tequila foi o que eu tomei quando cheguei na casa dele, na cama eu enxergava luzes e estrelas, o universo nas mãos de um aquariano.

Aquariano raiz que sou, preciso fugir daqui, quero minha sanidade de volta, ele me convida pra tomar e eu desconverso pra sair correndo, cadê minha calça?

Calça foi primeira roupa que eu joguei pro alto quando eu estava no espaço.

Espaço, preciso fugir, nunca fui bom pra nada casual.

Casual, foi eu querendo fazer a francesa e sair, ele pediu meu número, foi o ponto que eu queria, sair com algum contato dele.

Dele eu queria aqueles olhos, será que é céu que eu vi a noite passada?

Passada, essa camiseta azul cor de domingo.

Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado.

Sábado foi o dia que nos casamos e completamos sete anos juntos.

Juntos, misturados, embolados, aninhados.

Aninhados no céu dos olhos que eu achava que nunca iria me amar.

Amou.

Psicopata Perdido
Enviado por Psicopata Perdido em 18/03/2019
Código do texto: T6601142
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