O grande coisa
Já há algum tempo, ele curtia a satisfação de ser o diretor-adjunto de relações estruturais e organizacionais de uma determinada empresa. Usava um crachá personalizado, tinha seu nome na porta e sabia dar ordens como ninguém. Eis que era chegado o dia de seu aniversário e ele pretendia oferecer uma festa para se entrosar um pouco mais com os colegas. Alugou um clube, no dia do evento, uma surpresa: ninguém estava lá. Só, ele tomava umas cervejas. "Pelo jeito, seus amigos não gostam muito de ti", provocou o faxineiro, antecipando o serviço. Ele sentiu raiva e, num segundo, fez o quadro mental da resposta. Iria substituir os responsáveis por cada setor e deixaria de dar moleza na firma. Antes que continuasse com seu plano diabólico, o faxineiro indagou?
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"De que forma você contribuiu com o mundo?". Foi derrubado de seus pensamentos. "Como é?", perguntou. "Teu trabalho é importante para o mundo, ou só fazes assinar papéis sem importância?". Ora que pergunta. Se vê bem porque aquele sujeito era apenas um faxineiro e ele um diretor-adjunto de...foi aí ele se deu conta. De que forma ele contribuia com o mundo, através de seu cargo, sem importância? "Sou faxineiro. Meu trabalho é limpar. Sinto-me feliz, pois acho que contribuo com alguma coisa". Depois disso, pode ter sido radical o que aconteceu depois, mas resolveu dar um rumo em sua vida. Largou o cargo e se foi para o interior plantar tomates, escrever poemas e cultivar amizades. Não sentia que hoje estivesse contribuindo com o mundo, mas pelo menos, não estava mais sentindo-se culpado por estar atrapalhando...