A conversa que durou uma eternidade. (Micro-conto)
Quando eu tinha 5 anos de idade, de vez em quando, nos fins de semana, a minha mãe (In Memorian) me levava ao supermercado. Um dia, voltando do supermercado, eu e minha mãe encontramos uma amiga dela na rua da nossa casa. Como inevitavelmente aconteceria, as duas começaram a conversar. A conversa durou tanto tempo, que eu estava doido pra ir pra casa. Quando finalmente a conversa estava para terminar, a minha mãe disse à amiga dela:
- Foi um prazer te encontrar.
- Que nada! O prazer é meu!
As duas ficaram naquela agonia de:
- O prazer é meu.
- Não senhora, o prazer é meu.
- Não! O prazer é meu!
- De jeito nenhum! O prazer é meu!
- Não mesmo! O prazer é meu!
Eu estava vendo a hora das duas saírem no soco pra ver de quem era prazer, no final das contas. Com minha cabecinha de menino de 5 anos de idade, eu pensei que o “prazer” seria um objeto qualquer dentro da sacola de compras da minha mãe. E eu, louco pra chegar em casa, disse à minha mãe:
- Deixa o prazer pra ela mãe! Vamos pra casa! Depois você compra outro!
As duas caíram na gargalhada. Então a minha mãe disse:
- Deixa eu ir lá, que ele quer ver desenho na TV. Tchau
- Tchau, Dona Luisa.
E assim terminou a conversa mais demorada que eu já vi da minha falecida mãe quando eu era criança.