Fedeu.
Fedeu.
Vila pequena, todo mundo conhecia todo mundo. Festa grande com churrasco de carne de rês e ovelha, sarrabulho, doces de Pelotas e vinho de garrafão.
Casamento de José e Maria. Templo cheio de gente com roupas novas e uma mistura de perfumes.
Na porta a China Louca, de bombachas e uma velha túnica de “Brigadiano”, junto com os dois filhos, um cusco pulguento e rodeada de moscas.
Pastor disse seu palavreado bonito na pregação e não esqueceu de falar no dizimo e finalmente a clássica:
- Se alguém souber de algo que possa impedir esse matrimonio, fale ou cale para sempre...
-Falo pra sempre...
Gritou, lá da porta, a China Louca e soltou os verbos, os adjetivos e dois pontos:
-O noivo é o pai dos meus filhos, mas esse ordinário nunca me deu uma ajuda, nenhum pila. E foi esse José que roubou no bolicho do velho Maneco naquela noite que o Maneco foi dormir com a mulher do Lilico, que o Lilico não tava em casa porque foi roubar ovelhas do Marcolino, que o Marcolino tava na cidade namorando com essa Maria, que essa noiva já dormiu com meio mundo, ela a Maria tava na cidade buscando veneno pra velha Joana matar os cachorros da vila. E esse Pastor sem vergonha...
-Com vergonha o Pastor levantou as mãos e começou a pular e a gritar:
-Aleluia! Aleluia!!!