Boas Festas?
Um conto de Natal
(Lais L. Sobreira)
Festejou o que tinha de festejar... Postou foto feliz... Ganhou curtidas... As crianças corriam no jardim. As visitas estavam encantadas.
Era o natal perfeito.
Nas redes sociais não dava outra. Todos sabiam que aquela era uma família grande e feliz. Não havia nenhum problema... Quer dizer: era o que parecia.
...
Em um lar de bom parecer. Humilde... Não muito longe dali... Uma senhora franzina... Cabelo curtinho e olhos triste olhava para o relógio.
No alto da sua simplicidade, a casa estava toda ornada com festões, guirlandas, sininhos e piscas. Na mesa, uma ceia mirrada, mas organizada com visível afeto.
-meia noite... E nada... Nem uma ligação... Mas ainda dá tempo!
Mas Não havia tempo. E isso, dona Marinda não sabia (pois, entre a lucidez, oscilava o sonho e a esperança de que os filhos viriam lhe visitar - ou mesmo resgatá-la).
E ela ficava ali... Quietinha... Com um fio de esperança de mãe abandonada em plena noite de natal... Mesmo que no fundo, algo lhe dissesse: eles não virão... Assim como não viéram no São João... Nem na Páscoa (a não ser que precisassem de algo, claro).
E adormeceu ali mesmo... Debaixo das luzes tristes do seu pisca-pisca de anos... Único companheiro de noites de natal.
...
Que este seja apenas um conto triste...
Que seja uma reflexão... Ou um motivo de transformação!
Porque todo feliz natal será vazio, se houver uma Dona Marinda sozinha a espera dos seus filhos, netos...
Feliz...