QUANDO O UNIVERSO CONSPIRA A FAVOR DE UM GRANDE AMOR - Parte III

Parte III

(Sugiro aos caros leitores, que antes de prosseguir a leitura, leia as partes I e II - se ainda não o fizeram - para uma melhor compreensão. Obrigado.)

Naquela época não se tinha as oportunidades de sair para se divertir, que se tem hoje, as poucas que existia eram os bailes tradicionais ou os cinemas de domingo à noite, que exibiam os filmes para o público mais adulto.

Rosália então pensou: não havia encontrado nenhum rapaz que tivesse lhe despertado algo mais forte, de balançar suas estruturas, como diz. Os namores que teve foram mais por insistência dos pretendentes do que por sua vontade própria.

Sonhadora que era, ficava sempre a sonhar em encontrar seu príncipe encantado, principalmente quando ouvia no rádio as músicas dos cantores românticos da época: Agnaldo Timóteo, Wanderley Cardoso, Jerry Adriano, Ronnie Von, Nilton César, Roberto Carlos e outros.

Ela não sabia explicar direito, mas sempre que ouvia as músicas, ela sentia uma saudade, saudade de algo que ela nunca teve e lá no fundo vinha as doces lembranças do seu amigo de infância... e pensava: como será que ele está agora? Será que ainda se lembra de mim? Deve estar namorando ou quem sabe, até já se casou....e procurava desviar os pensamentos.

Então, resolveu que iria se inscrever naquele cantinho da revista, não tinha nada a perder. E assim o fez, escreveu à revista, com o codinome de Sonhadora.

Passou a comprar a revista regularmente, para ver se seu “nome” havia sido publicado. Demorou algum tempo, ela até já havia perdido a esperança.

Rodrigo não era muito diferente dela, romântico por excelência, de sorriso fácil, semblante alegre, mas tinha um olhar triste, como se lhe faltasse alguma coisa...

Procurava concentrar nos estudos, tentando tirar o máximo proveito. Levava uma vida centrada, raramente saia com os colegas para alguma farra, mesmo porque estudava com dificuldade financeira, sem direito a fazer gastos extras, já que sua família era de situação financeira modesta.

Não tinha namorada. As moças que encontravam não despertava nele um interesse maior, nenhuma foi capaz de mexer com o seu coração. Vez por outra lá estava ele a pensar na sua doce amiguinha e sempre ele sentia uma paz interior muito grande. E ficava pensando onde ela estaria naquele instante. Será que ainda se lembra de mim? Deve estar uma linda mulher – pensava ele.

A cidade onde ele fazia faculdade ficava bastante distante da sua casa, nem sempre nas férias de julho – antigamente as férias eram regulares, julho e dezembro/janeiro – ele ia pra casa, porque o tempo era muito curto. Para ele chegar em sua casa, tinha que fazer baldeação e como nem sempre os horários coincidiam, ele perdia até dois dias nesse trajeto.

Para chegar à sua casa, a única condução era o Trem de Ferro e a viagem dependendo dos acontecimentos na estrava, demorava até 10 horas, por isso sempre gostava de levar alguma coisa para ler e ocupar o tempo, mas nada de muito sério e sim, para espairecer, descansar a mente, tipo os livrinhos de bolso – livrinhos faroestes.

Naquelas férias assim que ele chegou na cidade onde teria que fazer baldeação – a mesma cidade onde viveu os dias mais felizes da sua vida – o Trem já havia saído. Ficou decepcionado, porque queria chegar logo em casa.

Os terminais ferroviário e o rodoviário ficavam próximos. Ele pensou: quem sabe tem algum ônibus saindo agora, com um pouco de sorte, consigo atalhar o Trem lá na frente. Ele se referia uma cidade onde o Trem passava, à caminho da sua casa, onde morava uns tios.

Dirigiu ao terminal rodoviário e teve sorte, existia um ônibus que iria sair imediatamente. Conseguiu passagem em pé - naquela época era permitido carregar passageiros em pé - a última, mas como era apenas 2 horas, não haveria problema.

Chegou na tal cidade. A distância a percorrer até chegar na estação ferroviária não era muito grande, algo em torno de um quilômetro e pela rua de acesso que dava defronte a estação, pode notar que o Trem ainda não havia chegado, dava tempo de passar rapidinho na casa dos tios, que ficava no caminho. Lembrou que não tinha nada para ler.

Foi uma visita rápida, logo ouviu o apito do trem que estava chegando. Ao despedir, perguntou para uma das primas se não teria algo para ele ler na viagem. Ela respondeu tenho só uma revista de fotonovelas. Não obrigado - respondeu ele e saiu.

Mas já na rua, resolveu e voltou correndo e disse - resolvi, vou querer. E brincou, quem sabe eu passo a gostar de fotonovelas.

Não precisa devolver – disse ela.

Era comum, as revistas passarem de mãos em mãos, mesmo velhas tinha sua importância pelas fotonovelas.

A revista estava bastante surrada, já sem a capa, mas para o fim que era, não teria importância.

Menino Sonhador
Enviado por Menino Sonhador em 24/12/2018
Reeditado em 06/09/2020
Código do texto: T6534199
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