Não fique aí
-Magdalena, por que sempre queres permanecer neste mesmo cômodo da casa? Eu sei que ele é bom e confortável, mas...
-Mas o quê, Luzia? Se eu me sinto tão bem dentro dele, embora a casa seja tão grande, acho que é dentro dele que devo permanecer.
-Magda, será que é isso mesmo? Eu sei o quanto você gostou e se acomodou, mas como você mesma disse, a casa tem muitos outros cômodos. Acho que o fato de você não sair do mesmo cômodo nem por um minuto só faz você se acomodar e se limitar.
-Me limitar? Como? Se ele é tudo de bom para mim, não há motivos de eu sair daqui.
-E quando você for contar um dia estórias sobre essa casa? O que você vai ter a dizer sobre ela? Que de inúmeros cômodos você conheceu e se manteve em apenas um, por não ter tido coragem de sair dele? Como você vai saber se os outros são tão desconfortáveis, se você só se baseia em um único? Há outros comôdos, outras escrivaninhas, outros retratos, outros armários, outras decorações. A casa é muito grande, aliás, a casa da vida também é muito grande, pois permanecer no mesmo quarto não permite que você conheça novos objetos e nem seja apto aos desafios. Só podemos desfrutar desta casa quando nos movemos a outros cômodos e não ficamos apegados apenas a um. E assim é a vida, às vezes precisamos sair de dentro daquilo que nos limita e absorve todas as nossas energias apenas porque estamos acomodados demais para nos abrirmos para o novo, mova-se daí!