Crime digital

Angelina orava a Deus implorando ajuda. Não entendia porque não era ouvida. Logo ela, sempre tão devota.

Sua vida tornou-se um inferno desde que descobriram fotos suas num site de prostituição.

O Pastor promoveu verdadeira inquisição e conseguiu expulsar a infiel. Em sua defesa, ela argumentou que usaram seu rosto em um corpo nu que, visivelmente, não era o seu. Ignorando o óbvio, o Pastor manteve sua decisão e a proibiu de voltar ao templo.

Sem outra opção, restou a lei dos homens. Procurou um defensor público o qual garantiu-lhe que seria fácil provar inocência e conseguir uma boa indenização.

Os dias foram passando e meses depois tudo continuava na mesma.

Aliás, piorava: ela recebia dezenas de e-mails com propostas pecaminosas. Perdeu as contas de quantos endereços eletrônicos tinha encerrado.

Numa manhã, passando de ônibus em frente ao templo, não conteve as lágrimas. Seu coração doía, tinha sido abandonada por todos que conhecia e por Deus. Em silêncio começou a orar e uma última vez clamou pela ajuda divina.

Dessa vez foi atendida. A intervenção dos céus se deu por meio de uma ideia. O verdadeiro milagre era a certeza de vitória colocada por Deus em seu coração. Nunca se sentira tão calma e confiante.

Hoje, anos depois, está de volta ao templo de onde foi expulsa. Não guardou mágoas, ao contrário, veio agradecer ao Pai pelas bênçãos que recebeu: o Porsche, o duplex nos jardins e as mais de 50 garotas que trabalham para ela.