Não pise na grama
Todas as terças, vou para a aula de dança caminhando. Com esse horário de verão, o sol ainda brilha forte enquanto caminho. Forte, mas não tão quente. É agradável, gosto de senti-lo sobre minha pele após um dia trabalhando longe dele. Choveu muito nos dias anteriores, e a grama - que antes da chuva era quase inexistente - cresceu sobre o chão em que as pessoas caminham, pedalam e correm. A grama verdinha e macia me fez lembrar que ela está viva. Daí, coloquei-me a pensar em algumas coisas. Pode parecer loucura pra você, talvez seja. Mas, não me importo, minha mente pensa em tudo e acho que tudo, por mais louco que seja, pode ser válido. Lembrei-me daquelas plaquinhas, na qual pedem que não pisemos na grama. Ali não havia placas, todos andavam, corriam e pedalavam em cima da pobre grama, inclusive eu. Minha mente foi longe, será que não sentiam dor ao serem pisadas? Ou será que esse é o trabalho delas, que se alegram ao afofar nossos pés cansados? Será que sorriem ao sentir o brilho do sol sobre elas e brincam na chuva como crianças travessas? Prefiro ficar com essa opção e pensar que elas se alegram, tanto de amaciar nossos pés, quanto de oferecer sombra à formigas e outros pequenos insetos. É, talvez os poetas sejam loucos por ver poesia em tudo. Mas, prefiro trocar a loucura por incompreensão. Talvez os poetas não sejam loucos, talvez sejam incompreendidos. Afinal, se eu posso me divertir com a chuva, amaciar a vida das pessoas e proteger outras, por que a grama não pode?