Conversa pra boi dormir
Eu recebi um vídeo, postado por um amigo, cuja legenda relatava que um jovem atravessava o amor da vida dele, de uma margem a outra de um rio, boiando nas águas correntes sujas, envolta em uma embalagem plástica, estando a amada na posição fetal, denotando um cuidado especial por parte do rapaz. A mulher, muito bem vestida, chegou ao outro lado sã, intacta e muitíssimo bem alinhada em seu esporte fino com saia, bolsa e sapatos tamanho médio.
O vídeo é até interessante, contudo, convenhamos que a estória, em si, conforme contada na legenda e transcrita na primeira parte divisória deste texto, carrega um cunho ludibriante que emerge sorrateiramente, abduzindo e substituindo o cerne contextual, mediante o emprego de um palavreado impregnado de gabarolices, que, por suas características, acabam levando quaisquer cavicórneos ruminantes quadrúpedes, independentemente do porte físico deles, ao estágio intermediário entre o estado fisiológico caracterizado pela insensibilidade dos sentidos e o repouso dele consequente, que proporciona a abstenção da plena atividade dos sentidos, o que, invariavelmente, conduz a espécime à entrega total e irrestrita à popular soneca.
Resumindo: Trata-se de conversa pra boi dormir.