No banco de uma simpática pracinha cuidada com esmero e rodeada de prédios residenciais de alto padrão, o Dr. Pacheco respirou fundo e afrouxou o nó da gravata italiana.
Iracundo, rangeu os dentes quando lembrou da reunião com o pessoal da Secretaria de Obras do Estado.
Pouco depois, seu sócio, o Dr. Brandão, que passeava naquele fim de tarde em companhia do filho e do pet da família, um enigmático Husky Siberiano, parou e o cumprimentou perguntando:
-E aí, Pacheco? Beleza? E a reunião, como foi?
O Dr. Pacheco, respirou fundo, cuspiu de lado, e respondeu no seu modo peculiar de mostrar desagrado:
-Uma merda, Brandão! Uma merda... Só vão liberar o contrato se a gente “molhar” a mão dos caras... E tu sabes, né? Tem o conchavo do Governador com o Senador que indicou o Secretário; tem o Deputado Federal que indicou o Financeiro, e tem o Estadual que indicou o Tesoureiro... Uma merda, Brandão! Uma verdadeira merda...
O Dr. Brandão trocou a coleira de mão, e com a munhequeira “crossfit”, enxugou gotas de suor que porejavam a careca lustrosa, e concordou com o sócio e amigo:
-Tens razão, Pacheco! É uma sacanagem das grossas... São todos corruptos! Não escapa um... Acho, Pacheco, que esses caras aprendem corrupção é na escola... Desde o ensino fundamental! Só pode...
Enquanto trocavam impressões sobre a corrupção governamental, à direita dos dois, cerca de dez metros à frente, o pipoqueiro ao passar o troco para um cliente, inadvertidamente, deixou cair uma nota de dez reais, que uma oportuna corrente de ar, arrastou por alguns metros.
Dr. Brandão, que a tudo observava, chamou o filho, um pré-adolescente de uns dez anos de idade, e falou:
-Olha lá, Junior... Olha lá! O otário do pipoqueiro deixou cair dez reais, e o vento carregou ali para o gramado. Vai lá, disfarça, põe o pé em cima da grana... E quando ele olhar para o outro lado, pááá... A grana é tua, rapaz!
O garoto, ainda atônito com a situação, olhou em direção ao pipoqueiro, viu o dinheiro no gramado, ficou indeciso entre ir ou não, e comentou vacilante:
-Mas pai...Eeeeu... O "Seu" Bené...!?!?!?
Dr. Brandão, um tanto irritado com a indecisão do herdeiro, instou enérgico:
-Junior, eu já te falei... Esperteza, meu rapaz! Esperteza e sagacidade, aprende-se desde pequeno, ou então, vira presa fácil! Vira... Como é que vocês falam...? VACILÃO!
Natal/RN-Nov/2018
Iracundo, rangeu os dentes quando lembrou da reunião com o pessoal da Secretaria de Obras do Estado.
Pouco depois, seu sócio, o Dr. Brandão, que passeava naquele fim de tarde em companhia do filho e do pet da família, um enigmático Husky Siberiano, parou e o cumprimentou perguntando:
-E aí, Pacheco? Beleza? E a reunião, como foi?
O Dr. Pacheco, respirou fundo, cuspiu de lado, e respondeu no seu modo peculiar de mostrar desagrado:
-Uma merda, Brandão! Uma merda... Só vão liberar o contrato se a gente “molhar” a mão dos caras... E tu sabes, né? Tem o conchavo do Governador com o Senador que indicou o Secretário; tem o Deputado Federal que indicou o Financeiro, e tem o Estadual que indicou o Tesoureiro... Uma merda, Brandão! Uma verdadeira merda...
O Dr. Brandão trocou a coleira de mão, e com a munhequeira “crossfit”, enxugou gotas de suor que porejavam a careca lustrosa, e concordou com o sócio e amigo:
-Tens razão, Pacheco! É uma sacanagem das grossas... São todos corruptos! Não escapa um... Acho, Pacheco, que esses caras aprendem corrupção é na escola... Desde o ensino fundamental! Só pode...
Enquanto trocavam impressões sobre a corrupção governamental, à direita dos dois, cerca de dez metros à frente, o pipoqueiro ao passar o troco para um cliente, inadvertidamente, deixou cair uma nota de dez reais, que uma oportuna corrente de ar, arrastou por alguns metros.
Dr. Brandão, que a tudo observava, chamou o filho, um pré-adolescente de uns dez anos de idade, e falou:
-Olha lá, Junior... Olha lá! O otário do pipoqueiro deixou cair dez reais, e o vento carregou ali para o gramado. Vai lá, disfarça, põe o pé em cima da grana... E quando ele olhar para o outro lado, pááá... A grana é tua, rapaz!
O garoto, ainda atônito com a situação, olhou em direção ao pipoqueiro, viu o dinheiro no gramado, ficou indeciso entre ir ou não, e comentou vacilante:
-Mas pai...Eeeeu... O "Seu" Bené...!?!?!?
Dr. Brandão, um tanto irritado com a indecisão do herdeiro, instou enérgico:
-Junior, eu já te falei... Esperteza, meu rapaz! Esperteza e sagacidade, aprende-se desde pequeno, ou então, vira presa fácil! Vira... Como é que vocês falam...? VACILÃO!
Natal/RN-Nov/2018