Inesperado
A chuva fria caia lá fora! Dentro da minha humilde casinha de tijolos me sentei na terceira cadeira ao lado da televisão.
Olhei para o teto tentando reter as lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto, ''era o meu fim'', não importava o que eu fizesse ou a quem recorre-se. Eu estive sozinho todos estes anos e, agora, uma indesejada companhia bate em minha porta destruindo a minha vida_o câncer.
Calmamente estiquei o braço afastando a manga do moletom que me cobria, e peguei o frasco; lágrimas desceram. Mas não era tempo de arrependimentos, seria melhor acabar com o sofrimento antes que o sofrimento acabasse comigo me deixando inválido, pregado em uma cama de hospital.
Peço desculpas à minha mãe por ter saboreado o doce, amargo veneno; eu juro que acabar com a angustia que corroía a minha alma, era a minha única intenção.
Um gole do liquido viscoso encerraria a frustante jornada de um homem desamparado.
_Eu engoli!
Minha garganta queimava. Abri a porta deliciando o ar fresco, e contemplando a caminhada final. Pelo menos a rua se encontrava movimentada, cheia de guarda-chuvas colorido, diversas cores, lindas alegres, vibrantes. Ironia do destino a cidade esta tão viva no dia do meu fim? Ou ela estava viva todos os dias e eu a ignorei?
É, se eu pudesse mudar o meu passado restaria mais atenção nas simples coisas do dia a dia. Entraria em um avião e conheceria qualquer lugar do mundo apenas por diversão.
Mas, era tarde demais, e um leve sorriso surgiu em meu rosto. Perdi todas as minhas forças e despenquei no chão.
Pessoas se aproximaram, bocas se mexiam,porém eu não ouvia nenhum som. E logo depois tudo se apagou.