COM OS OLHOS DO CORAÇÃO...

Da relatividade do olhar...

Já fazia algum tempo que eu as observava numa curva da rua, altivas, a se perderem de vista.

Todas as manhãs bem cedinho, quando eu passava naquele mesmo horário,alguém as varria da calçada e as colocava num cantinho ao lado dum container, enquanto eu, sonhava em tê-las comigo.

Daqueles sonhos instantãneos, que vez ou outra distraidamente escapam e nos levam para longe...

Quem sabe um dia as conseguisse plantar num palmo de "terra minha", longe da poluição da cidade, e observar o florescer espetacular de suas flores coloridas de tons pastéis, que acontece no final do outono e perdura por todo o inverno.

Que farfalhar maravilhoso!

Mas acreditem, embora muito populares por aqui, nunca soube o seu nome.

Certa vez, parei proximamente a elas, e perguntei àquela mesma senhora que varria compulsivamente a calçada:

-Senhora, boa tarde, essas árvores são suas?

-Ah, infelizmente são sim!

-Mas por que infelizmente, se são tão lindas?

-Lindas porque não é você que tem que varrer esta calçada a toda hora...só fazem sujeira! E além do mais, olha só, estão invadindo os fios de energia e dos telefones.Isto cresce demais... é uma praga!

-E como se chamam? Acho suas flores belíssimas!

-Pata –de-vaca! E você acha que isso é nome de árvore?

-É, realmente o nome não expressa tanta delicadeza...pensei.

Fiquei meio sem graça, porque eram exatamente aquelas flores no chão, parecidas com micro orquídeas, que me encantavam.

Inútil seria argumentar que, o que era lixo e incômodo pra ela, era um colírio para os meus olhos... e um tônico para minha alma.

Ela jamais me entenderia,pois estava zangada demais com as “minhas árvores sujonas”..

Na manhã seguinte, ao passar pela mesma calçada, lá se iam todos os seus longos galhos ricamente florescidos, engolidos numa betoneira da prefeitura.

Respirei fundo e pensei: “Para mim serão eternas...”.

Dias antes, eu as havia fotografado!

Em nome da “segurança” e da “limpeza” das grandes cidades, podaram a poesia da minha rua...

Aquelas árvores ensinaram-me da relatividade do olhar, e o que é enxergar com os olhos do coração;que quando são cegos, paralisam até o mínimo sentimento das almas...

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NOTA :

Pata-de-vaca

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Bauhinia

Bauhinia forficata nativa do Brasil

Classificação científica

Reino: Plantae

Divisão: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Fabales

Família: Fabaceae)

Subfamília: Caesalpinioideae

Género: Bauhinia

Espécies

Ver texto.

A Wikispecies tem informações sobre: Pata-de-vaca

A pata-de-vaca (Bauhinia), é um gênero com vários representantes, da família das leguminosas (Caesalpinioideae), no total são mais de 200 espécies. Também são conhecidas popularmente por Unha-de-vaca e Casco-de-vaca, devido ao formato de suas folhas. São árvores muito ornamentais, devido a suas flores vistosas e por isso são muito utilizadas no paisagismo e na arborização urbana. A maioria são de origem do continente Asiático mas existem espécies nativas do Brasil como a B. longifolia e a B. forficata. Podem atingir até 10m de altura, algumas espécies tem acúleos, seu fruto é tipicamente um legume, também chamado de vagem.