Memorial do Holocausto

Estávamos em Friedrichstadt, Berlim, e depois das clássicas fotos junto ao Portão de Brandemburgo, Jana nos sugeriu que fizéssemos uma visita ao Memorial dos judeus mortos na II Guerra Mundial. Eu e Stella nos entreolhamos, já que o dia estava muito bonito para aquele tipo de visita fúnebre, mas como Jana era nossa anfitriã na cidade, acedemos.

- Não é longe - ela nos prometeu.

Não era, de fato. O Memorial ficava numa área aberta retangular, ao lado de uma rua movimentada. Não havia muito para ver, essa é que era a verdade, exceto os literalmente milhares de blocos de concreto que preenchiam o espaço, alinhados em fileiras regulares e variando somente em altura. Famílias com crianças pequenas circulando por ali, nos fizeram crer que o local era também utilizado como área de lazer; se isso havia sido previsto pelos autores da obra, era difícil de dizer.

- Isto é o Memorial do Holocausto? - Indagou Stella, um tanto decepcionada.

- O nome oficial é "Memorial aos Judeus Mortos da Europa" - declarou Jana.

- Soa meio vago para mim - retruquei. - Judeus mortos, em qualquer época? Não especificamente sob o nazismo? E as vítimas de outras raças e religiões?

- Acho que li algumas críticas sobre isso, na época da construção - admitiu Jana. - Mas há um centro de informações num dos cantos... lá vocês poderão ler sobre o Holocausto, ver objetos que pertenciam aos judeus mortos, este tipo de coisa...

Stella e eu encaramos as vielas estreitas formadas pelos blocos de concreto, alguns já trincados pela exposição às intempéries, e decidimos que não queríamos mais nenhuma outra lembrança sobre a finitude das coisas naquele dia ensolarado em Berlim.

- Poderia tirar uma foto nossa aqui, Jana? - Solicitei, entregando-lhe minha câmera digital.

Jana tomou distância e gritou para nós:

- Sorriam!

Sabendo que o Museu do Holocausto estava às nossas costas, nos mantivemos sérios.

- [04-10-2018]