Olhando o Cais
O Sol se distanciava, e no alaranjado que ele deixara, ficara a fragrância que o momento único exala a cada leve brisa que logo dá lugar a outras. Não importava se ele se afastasse um bocado, ele sempre voltaria... e seria o mesmo... Ele ou o Sol?
- Pois é, realmente... me parece que nada mudou...
Um homem reflete solitário sentado em uma antiga pedra. Isto se repetia há décadas, todas as tardes lá estava o homem e seu cigarro, perguntando a si mesmo e ao vento...
“Alguma coisa mudou?”
... e ali estava o homem sobre a pedra... num passado, ele e a pedra... agora, no futuro sendo o presente... ele e a pedra novamente...
- Ou talvez meus olhos precisem ser outros...
E o Sol se distanciava... no cais, navios solitários aguardavam gigantes pequenos sonhos à bordo de seus corações...
Homem e pedra observam imóveis. O homem inveja os olhos da pedra.
Mas ele não se importava. O frio fortalecia o que sua alma fustigada ainda reprimia... quem diria que ele mesmo diria...
- Nada é como antes...
A pedra e ele só queriam alegria...