Virose da pinga
Virose da pinga
Essa foi lá pras bandas do Paraná. Um grupo de amigos, quando saiam para as festas, deixavam pai careca, de cabelo em pé. Uma galera de uns dezoito anos. Juízo???? Apenas o dente. E garotos desta idade, querem é aprontar, curtir. E inventavam cada coisa.
Na casa de um deles, uma semana antes, o pai contou umas “peripécias”. Roubavam galinhas quando jovens, não fez apologia, porém... Na outra semana, estavam todos a postos, foram a um sítio perto da cidade e para não deixar aquele véio contando vantagem, roubaram doze galinhas e um galo.
Foi fácil, um dos “meliantes” conhecia o sítio, sabia que não morava ninguém, estavam na cidade. Deixaram o carro próximo, pegaram num galpão dois sacos grandes e foram as compras. Quem conhecia o local disse; “sigam por aqui, conheço na palma da mão, só não pisem aqui, palavrão, tem cocô de boi, outro palavrão”.
E assim começaram pegar as galinhas. O “guia turístico” ensinou, peguem as galinhas pelo pescoço, de uma sacudida, ela fica tonta, depois coloquem no saco. E assim começaram a encher o saco. Entretanto, tinha um acometido pelo mal da pinga, ouvi o “sacudir a galinha” e saiu na carreira. A primeira que pegou foi sacudir, segurou a cabeça do bicho, deu três voltas e foi colocar no saco. Claro, a esta hora ficou só com a cabeça na mão. O resto, sei lá, disse rindo.
A virose da pinga fez muitas vítimas, outro acometido daquele mal, estava de joelhos rezando, para não serem descobertos. Nisto passa um, vê a cena e diz, “pode parar de rezar, aconteceu o milagre, já encheu o saco, tenho cinco galinhas aqui”.
Noutro canto, escondido atrás de uma moita, tem um sacana, vê dois amigos vindo com um saco cheio de galinhas, quando chegam perto, distraídos e no escuro, este sai acoando. Foi uma correria só, o saco caiu, algumas galinhas fugiram. Um deles pulou na moita, para chutar o cachorro. Coisas de maluco.
Um tempo depois, juntaram as aquisições e foi levada a casa para fazer a contagem. Porém, quando o saco caiu, pegaram duas galinhas que estavam “por ali” e um galo, só que este não foi colocado no saco. Ele ficou solto na mala.
Sabiam, quando fosse retirar as galinhas, deveriam tomar cuidado, pois o galo poderia fugir.
Bolaram um plano a base da virose. Enquanto um abria o porta malas, outro entrava rápido e pegava o galo para não fugir. No entanto, havia um arbitro de linha, (também com a virose) que diria; se o galo vem pela direita, ou pela esquerda. Assim, o galo não tinha como escapar.
Tudo pronto, a mala é aberta, o “pegador” mete a cara para pegar o galo e o arbitro de vídeo para a jogada; - fecha que o galo vai fugir, tá do outro lado. O cara responsável pela mala fechou na hora. Entretanto, a virose da pinga tem uma caracteristica própria, diminue os reflexos. Logo, ao fechar a mala, a cabeça do “pegador” não tinha saído. Mas tudo bem, o corte foi superficial.
Trancaram as galinhas na casa do cachorro, que havia morrido há anos e voltaram a danceteria. Havia no local um desfile de modas. Garotas apresentavam a coleção de uma loja.
Foi tranquilo, sentiram-se orgulhosos, sem incidentes, a não ser o corte na cabeça.
O bom daquela época, a parceria, mantiveram-se todos calados, nunca ninguém soube de nada. A não ser quem assistiu ao desfile na danceteria, este foi filmado.
Além das belas meninas em roupas da moda, outra coisa que chamou a atenção, uns garotos decorados com penas de galinha, outro com um corte na cabeça e todos fediam cocô de boi.
Paulo Cesar