Amor-comercial
Quando cheguei à rodoviária de Porto Alegre eram dez horas da noite, depois de uma longa viagem de ônibus. Goiás era muito distante, ficava na região Centro-oeste, há muitas milhas de distância da Região sul. Como diria minha amiga gaúcha: "Goiás quase caia do mapa de tão longe que era." Minha bunda e pernas doíam de tanto ficar sentada. Olhei ao redor, havia um colorido imenso de bares, lojas muitas pessoas circulando de diferentes lugares. Havia muitas pessoas maltrapilhas dormindo pelos cantos. Uma Porto Alegre tão diferente das publicidades turísticas. Muitos seres com ares cansados, talvez exauridos em busca de uma vida nova. Eram tantos retirantes que fediam num emaranhado de odores repugnantes. Que palavras engraçada!! Claro eu era uma retirante, me retirei de Goiás, o melhor era uma fugitiva, pois fugi de lá. Escapei de uma vida que não escolhi. Eu dava amor-comercial em troca de 50,80,100 reais que eram míseros trocados,conforme o cardápio oferecido. Um pagamento que me corroía como uma ferrugem de alguma coisa exposta ou jogada à beira mar.Uma existência que me foi adentrando sem muitas escolhas ou opções. Tu foste minha única alternativa,o meu amor e o meu cafetão. Mas, contigo veio um mundo submerso em dores, subterfúgios com uma quantidade de sensações e sentimentos que nunca quis viver. Então, fugi. Estava em Porto Alegre. O que fazer? Em primeiro lugar fingir ser alguém que não sou para tentar mudar tudo em mim.