BREU
Ela se sabia prenha. Escolheu para gestar o canto direito do sofá. Ia ao banheiro, comia, tomava sol e voltava para seu ninho. Recebeu de sua dona todo o cuidado que merecia. Uma tarde saiu do sofá e foi se aninhar à perna de sua dona com um olhar de “Vai nascer”. Pariu na tarde clara sua cria negra como a noite. “Puxou ao pai, não é Mel?”, justificou a médica veterinária. De volta ao sofá, acostumou-se a amparar sobre seu corpo o pequeno Breu. Hoje, com a marca do tempo no seu focinho esbranquiçado, não consegue dormir sem o grande Breu ao seu lado.