Esboços
Era só mais uma caminhada como em qualquer dia de sua rotina, apesar do incomum ainda aparecer cada vez mais.
O dia, as passagens e o leve soprar do vento em cada verde que se podia enxergar. Mas ele sabia, mesmo que por intuição sempre estaria no mesmo local, e não deixaria de ver as mesmas coisas. Como se a pressa do tempo e o estresse tivessem dado uma pausa, assim como o calor e o radiar da luz do céu tivesse dado uma pequena pausa que parecia não ter fim, como se por um instante ou por algumas horas fosse necessário seu dia ficar em preto e branco.
Ficava então em seu pequeno mundo, dando conselhos a se mesmo. Escolhendo cada local onde pisar e direcionar o olhar, simplesmente para tentar fugir um pouco dos tãos previsíveis sermões que damos a nós mesmos. Bem, cada folha seca, cada galho ou cada coisa que estivesse em seu ponto de vista poderia naquele instante ter a maior intensidade e importância por preencher por leves instantes o que seu vazio não sabia mais o que procurar.
Seria demais perguntar, o que ele tanto procura. Ainda sabendo que isso só o congelaria no tempo ou quem sabe só quebraria sua camada de gelo de proteção... O quão certo seria ou não ter de sentir com obrigação de reparar e tentar colorir cada passo ou mundo que se passa por seu ver. E no fundo no fundo, nada poderia brilhar tanto quanto o seu preto e branco por acreditar e desacreditar ainda mais que se pode mudar, que tem tudo ele então pra fazer sua obra de arte apenas com suas tintas as quais nem a si chamam mais atenção. Que com o tempo tudo o que restaria seriam esboços que não se veria mais quando as luzes de forem...