Preparatório mental para uma vida a dois #2

Em "Desembaraços mentais".

_ Doutor, precisamos trabalhar um assunto novo nas próximas sessões.

Estou com 35 anos e vou me casar daqui a dois anos.

Sabe como é, vivi sozinha ao longo desses anos, me adaptei a solidão, não no “mau” sentido porque eu a amo. Me adaptei ao guardar para mim meus pensamentos, minhas opiniões que muito das vezes não agradam as pessoas, me adaptei ao silêncio, a quietude. Me acostumei com minhas mudanças de humor e a parte boa de não ter ninguém me chamando de “estranha e bipolar” o tempo todo. Me acostumei ao prazer de ter a minha companhia onde ela concorda com tudo que vejo, faço e falo. Eu sou muito legal e me dou muito bem comigo mesma, acredite.

Doutor Luiz ficou me encarando, e eu já imaginava o que ele iria me perguntar, quando voltei a falar:

_ Vou me casar porque achei o rapaz certo.

Ele me olhou torto mais uma vez, e eu, uma faladeira que sou, respondi de prontidão:

_ Talvez EU que não seja certa para ele, ou a melhor pessoa do mundo de se conviver. Não sei se o senhor entende. Ele é um máximo doutor!!

...

_ Doutor, eu gosto dele, e ninguém nasceu para ficar sozinho. E não estou aqui para discutir com o senhor se caso ou não. Quero apenas que o senhor me ajude a reprogramar minha mente quanto a este amor pelo isolamento que eu acabei criando quando morei longe da família por alguns anos. Sabe como é, soldado quando vai pra guerra sempre volta sequelado.

Doutor Luiz soltou um suspiro, depois me pediu para deitar no divã.

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