Apenas caminhe
Tem sempre alguém te dizendo pra não parar e seguir em frente. Quando não é no trânsito às oito e meia da manhã de uma segunda-feira, é aquela pessoa que você conheceu no fim de uma festa e vocês estão bêbados conversando sobre como o fim de semana passa rápido e amanhã já é segunda de novo. Não gosto de festas, mas gosto menos ainda de finais de festas. Penso que são nestes momentos que as pessoas mostram o que de pior tem. Umas agrupam-se com o objetivo de falarem mal da vida alheia, outras pedem mais um copo pra terem coragem de falar o que não conseguiram, outras (uma das piores raças) fazem questão de lembrar daquele constrangimento que você passou no ano passado. O mundo está cheio deles, não há como se livrar.
Mas não pense que acabou, há ainda aquele que nem mesmo em um momento profano, de puro prazer e fraternidade, não perde sua habilidade maléfica de julgar o homem no momento em que ele não deve ser julgado. O indivíduo é julgado no trabalho, na família, na caminhada no parque e até na transa. Logo, espera-se por uma questão de bom senso que ninguém o julgue enquanto aproveita, enquanto bebe de sua euforia, de seu conceito de liberdade e para muitos, de alegria.
Talvez o meu conceito de liberdade seja deturpado, talvez eu esteja tão deturpado que escrevi isso numa tentativa de me desculpar com as segundas, talvez enquanto eu ainda não souber aproveitar uma festa, ainda não estarei pronto pra vida. Acho que nunca estarei pronto pra vida, eu mal sei o conceito disso. Talvez eu busque conceitos demais, talvez eu seja superficial comigo mesmo e por isso julgo todos ao meu redor. Talvez, por alguma razão que ainda desconheço, eu goste de colocar em palavras minhas piores mazelas.
Acho que esse texto já está com muitas incertezas. O relógio a minha direita marca 01h42, está calor e eu não tenho sono. Não é uma boa hora para ter incertezas, afinal metade da cidade está dormindo e a outra metade com certeza está com mais certezas que eu.
Todos de alguma estão fazendo o melhor que podem.
- Bom trabalho Barban! - Diz meu chefe engravatado.
- Continue assim, diz a sua professora da quarta série.
Eu só queria parar tudo isso e seguir em frente.