Ziguezagueando 32
A velhice havia chegado, não dentro. Jovita começava colher os méritos do trabalho duro de anos. A aposentadoria aos sessenta, pô-la diante do tempo livre. Antes, levantava as cinco para o trabalho. Na inatividade, estar acordada desde madrugada, servia para alongar o tempo livre para uma rotina eleita, tecida na marra, para não se ver na inutilidade.
Das cinco da manhã, até as nove da noite, hora que ia para cama, quando Hugo e os filhos não estavam, era para uma variedade de afazeres pequenos.
Especializou-se no saber para a culinária, adorava cozinha, pena que por longos anos visitou-a pouco, devido a labuta fora de casa. Aprendeu em um curso feito de Gastronomia, as manhas de maga na cozinha, sempre quis possuí-las, eram instrumentos de difícil acesso e entendimento.
Quando Hugo ia para casa na quinzena de dias, sempre era pego numa surpresa à mesa, Jovita preparava com carinho prato novo que o levava às alturas, a danada tinha arriscado e acertado no preparo de pratos longínquos: Paella, da espanha, pat-au-feu, da frança, Goulash, da Hungria, o famoso Pudim de Yorkhire da Inglaterra, e o Bacalhau à Minhota de Portugal, que Hugo adorava.
Passou fazer academia, noutras, participava das reuniões de leitura no centro cultural próximo a sua residência.
Jovita, com a idade, aparentava mais baixinha do que era, os sinais de expressão, a pele no seu enrugamento, os hormônio em baixa, indo para a entropia, que não a chamava mais para rubores e para o estar a dois com Hugo no sexo, naquela atuação com resultado esmerado de bom. Traduzia como cumprimento implacável da natureza em si.
Foi perdendo a vontade de viajar, tinha feito isto muito com Hgo, vez outra com Merlinda e o casal de gêmeos. Passou não ter grandes expectativas e curiosidades para serem satisfeitas para ir a lugares que não conhecia. O mar, ouvido com nitidez da sua casa, e as caminhadas feitas ao longo da orla diariamente, passou bastar.
Pouco a pouco, de amantes e amigos, vívidos nos momentos a dois, atuando com toda a força, vontade e prazer para satisfação das necessidades de cama e afeto em recipocidade, Hugo e Jovita seguiam, de modo lento e discreto, companheiros de corpos, cúmplices silenciosos do assistir e viver o desmanchar da vitalidade um do outro.
Viviam sobre uma chama calorosa e amorosa de aceitação do tempo, da idade, da condição humana para o estarem vivos, para o mundo e toda a engenhoca estar em funcionamento, levando tudo e todos para um desconhecido, que englobava o interior deles mesmos.
Os filhos iam visita-los, sempre aos finais de semana. A turma reunia mesmo, quando Hugo estava na casa, ou Merlinda passeando pelo Brasil, tinha ido morar no exterior, o marido assumiu o lugar de Viton na empresa que a mãe trabalhou.
Martinez não quis estudar, virou cantor da noite, menino bom, surfista nas horas vagas, passou morar em um apartamento na capital, dividindo as despesas com amigos.
Soraia, gostava da arqueologia, nem bem havia formado Arqueóloga, fazia estágio no Parque Arqueológico do Solstício nas férias, para onde pretendia futuramente passar fazer residência, para estudos e pesquisas.