Ziguezagueando 27
Para algumas culturas do mundo, as energias masculina e feminina, obedecendo a harmonia, e a lei da atração, no seu sentido maior, aqui na Terra, e na nossa galáxia, são traduzidas pela interação de força e natureza dos corpos celestes, os motriz, Sol e Lua.
O Sol é a estrela que faz parte da Via láctea, é o centro do sistema planetário. O definidor da vida, sem ele e sua energia, o vazio indiferenciado prevaleceria.
A Lua simboliza os ritmos biológicos, as fases da vida, passa periodicamente por um ciclo, é um astro que cresce, diminui, desaparece e cresce novamente. Está subordinada à lei universal do devir, do nascimento e da morte. É passiva, receptiva. É a guia das noites, é o símbolo dos valores noturnos, do sonho, do inconsciente e do conhecimento progressivo, evocando a luz nas trevas, da tenebrosa escuridão da noite. Anfitriã que convida para o desconhecido.
Simboliza o ser passivo e fecundo que é a mulher: a noite, o frio, a umidade, o subconsciente, o sonho, o psiquismo, e tudo que é cíclico, também ligada ao ato de pensar.
Figurativamente, está num intrincado entrelaçamento simbólico com o Sol. As suas características mais fundamentais são o fato da Lua aparecer, se expressar como um reflexo do Sol, pois não possui luz própria, e por atravessar diferentes fases, muda a sua aparência.
A periodicidade das fases da Lua, faz com que ela seja o astro dos ritmos da vida. A Lua rege as renovações cósmicas e terrenas, afirma alguns da cosmogonia e da mitologia. É ela que controla todos os elementos, que são também regidos pela lei do devir, como as chuvas, a vegetação, a fertilidade, etc. Ela portanto, é o veículo determinante para que o novo flui na natureza.
Não seria também a mulher e o homem? Em relação às suas similitudes no ato de gerar o novo?(Selá)
O Sol não fica parado, também anda!! Gira em torno de si, rodopiando em torno de sua própria vórtice, para um caminho que...talvez nem ele sabe...ou sabe...
Todos envolvidos, agregados em sua cauda, podem assim terem em seus programas o entendimento do a que veio inconscientemente...quem sabe?!
Pelo sim, ou pelo não, correlacionando o ato de ser do Sol e Lua como natureza feminina e masculina, com as naturezas de Jovita e de Hugo, o fato é que estes terráqueos estavam atrelados um ao outro.
As conexões humanas que este homem do agora busca, em meio a fragmentação, a individualização melancólica e mórbida determinada pelo uso da técnica criada e consumida pelo homem pós moderno, talvez estava por induzir o casal a procurarem-se, se encontrarem em suas essências, sem prejuízo de estarem expostos às alfinetadas da razão, questionamentos, indagações da possibilidade do insucesso da relação amorosa que intuíram poder existir.
O aroma do amor, os encantos todo atrativo do estado de amar e ser amado. O fenômeno da união inexorável em ideal na cabeça dos dois nos dias, indicava estar sendo alcançada.
Foi Jovita que se tomou pelas mãos, depois do segundo encontro, foi até a cidade de Hugo, chegou chegando.
Sem programação, tinham em suas intuições a buzina que indicava a hora de buscarem a energia um do outro. Aos poucos, Hugo foi se agregando a Jovita, partilhando sentimento, afeto, cama, numa relação de contato esporádico e permanente. Coisa estranha.
Se viam uma vez ao mês, às vezes, de quinze em quinze dias, fizeram viagens juntos, somente os dois, conheceram lugares do improviso. Noutras, ficavam sem se falarem por meses. Com isto passaram, ano, dez...vinte anos.
Jovita teve filhos de Hugo, foi por inseminação artificial, Jovita com 40 anos. Concebeu de Hugo um casal de gêmeos, Martinez e Soraia.
Jovita assumiu o lugar de Viton, passou a chefia do departamento de arte da empresa. E o chefe foi para o exterior ocupar a gestão do empreendimento, que passou ganhar mundo.
Hugo, com sessenta e cinco anos, mesclou o querer, dividia o tempo da solitude escolhida, com dias que separava para estar com a amada na residência do casal, na cidade litorânea.