Aquele Sonho de Futuro
Ao longo de quase todos os dias, se encontrando ocasionalmente após a saída de suas respectivas escolas, Nathan e Aretha, além da rotina que fazia por os unir, tinham mais algo em comum.
Sonhos para o futuro. Planos. Muitos deles.
E a cada encontro, novas propagações eram feitas.
De tal ato, arraigavam-se propósitos cada vez mais plenos, que em dado momento, os transmitia a esperança de culminar em um futuro conjunto, além dos transportes.
Atos concretos? Não concretos?
Só o tempo os diria...
Era rotina:
Sentar-se sempre ao mesmo lugar ou próximo, guardar o acento do lado, ou se encaminharem para um espaço mais vago, para que pudessem ir de pé, juntos, em total comunicação.
Esta, que entre ambos sempre seria plena, agradável e bem vinda.
Só sendo entristecida, caso houvesse a ausência de uma das partes.
Para eles não haveria dia ruim, uma vez que estivessem juntos.
Turbulências de segundas-feiras, sextas ansiosas, nada disso se fazia real para o casal.
Só queriam estar ali. Juntos. Em plena companhia um do outro.
Agradável para ele, esperar de frente a sua casa a chegada do ônibus, na ânsia de embarcar, e encontrá-la de braços abertos o esperando.
Sempre cheia de novos assuntos, transmitidos por tão bela voz, que ao passar dos dias, tão bem fazia a aquela alma de rapaz em descobrimento da vida.
Incrível... Observar seus gestos, diferentes atitudes diante a determinadas situações, as características provenientes de seu humor diário.
O perfume, jeito e alterações regulares no cabelo, modos de vestir, cor, cheiro e preferências quanto a maquiagem.
Salvo a uma única dúvida que se perpetuava em sua mente:
Ao longo de todos aqueles 4 anos, qual seria o gosto?
Ela, também, não ficava atrás.
Pelas manhãs, sempre com a mesma necessidade de produzir-se bem, ter a pontualidade com seus horários para a persistência da busca de seus sonhos, mas para que de tal forma, estivesse com ele, em plena companhia.
Não importava se fossem por apenas 20 minutos. Desde o primeiro segundo, sempre valeu a pena.
Todo tempo gasto em dedicação a aquela maratona produtiva tinha um único motivo, e seria bastante válida.
uma vez que ela percebia, por mais que seu admirador secreto fosse contido em citar e expressar, um grande agrado com o que observava e sentia.
Não haveria com o que se preocupar...
E quando o identificava na rua prestes a embarcar, então?
Seu coração disparava aos saltos, sem sequer tê-lo próximo.
Foi assim, no primeiro dia em que se viram, no período em que findaram-se as férias, E continuaria sendo,, por todo o tempo que tivessem a se encontrar.
Já dentro do ônibus, o mesmo ritual.
A troca de olhares, a aproximação tímida, a observação do jeito, da voz, dos costumes, da respiração, do humor.
Por parte de ambos, a admiração oculta, que já não era mais segredo para nenhum dos dois.
E assim, os dias se passavam:
As preocupações em comum, que permeavam em meio a provas, trabalhos e notas.
As preocupações individuais, que em dado momento se tornavam coletivas.
Estando juntos, viviam o singular, mesmo sem admitirem.
Fazia chuva ou sol, ali estavam.
Contidos, acabavam por nunca marcarem de irem mais além.
Talvez, temiam uma possível decepção em saírem daquele mundo que, em dado momento, parecia ser tão confortável para ambos.
Como, afinal, seria o mundo real para eles, por mais que já vivessem em um?
Em suas mentes, enervávam-se diversas dúvidas:
O que realmente sentiam?
Como seria, se por fim, os sentimentos se interligassem, e aquele sonho, já tão enraizado em suas mentes, viesse a se tornar realidade?
Desatenção de ambos, uma vez que as respostas se faziam presentes.
Plenas? Talvez não.
Custava arriscar? Também não.
Porém, que mal haveria, terem uma amizade além?
Com tantas inseguranças e medos, acometidos pela forte amizade, o tempo passou.
O tão esperado dia chegou. e seus mundos, por fim, tomariam um novo destino.
Como seria dali pra frente?
Acabavam por se interrogar em pensamento.
Porém, só.
Ele, queria ser um grande químico.
Ela, ser uma grande veterinária. Viajar ao redor do mundo salvando os bichinhos que tanto ama, e quem sabe, ao longo do percurso, construir uma família.
Por fim, após longos dez anos, apesar de acreditarem que se conheciam e entendíam-se o bastante, descobriram que tudo o que sabiam era muito pouco, perto da distância que os afligia.
Haveria sim, o advento das redes sociais, os encontros forçados pelo destino.
E falando em destino...
Será que este daria mais uma mãozinha para que se encontrassem, e tentassem salvar a oportunidade que, de tal forma, deixaram escorrer entre os dedos?
Talvez, não fosse mesmo a hora.
Talvez, só precisassem acrescentar algo na vida um do outro, e seguir.
Talvez até fosse acontecer. Mas não naquele momento.
Quem poderia saber?