Ziguezagueando 25
Ziguezagueando 25
Para quê brincar, encenar o extremo do emocional feminino agradecido, sublimando a personalidade da mulher realizada? Jovita não dependia de companheiro para ao menos comprar uma calcinha para ela, aprendeu preterir afeto para manter-se em dignidade, não gostava de assumir riscos, empreitando em relações afetivas aventureiras.
Não era mulher de perder tempo, brincar de se iludir. Se quisesse flertar, buscar carinho, teria partido para luta antes; certamente encontraria “Joãos”, a sua disposição, para lhe servir o menu.
Era resolvida subjetivamente a não querer relacionamentos sérios. Tinha o presente, e as próprias forças como aliados, vontade gasta no trabalho para compra do pão e busca do aperfeiçoamento das qualidades profissionais no trabalho. Se descobriu em analisar o subjetivo masculino em suas vaidades de vestir e calçar, para, depois, desenhar roupas esportivas, a altura do desejo deles.
Afeto e cama a dois ia levando sem, “de barriga”, até que conheceu Hugo, dourava ao fogo brando a necessidade latente, sem se estereotipar da fama de beata.
Não!! Inadmissível!! Respeitava a decisão da renúncia de algumas mulheres, que abdicam da vida com um homem por motivos religiosos ou falta de interesse mesmo, mas nunca se viu abrir mão da prerrogativa.
Apreciava a beleza e inteligência dos homens, tidos como uma obra de arte de Deus, aqueles que atendiam o melhor de sua natureza para o bem, para a cultura da raça, para a satisfação dos desejos das mulheres.
Chorava, muitas vezes assistindo aos filmes na TV, principalmente aqueles clássicos antigos, do entrosamento artístico dos personagens, atores no trabalho primoroso de homens amantes, acalentando e satisfazendo os anseios de suas parceiras.
Quando Jovita pensava da possibilidade de ser em essência frígida, ou até mesmo desinteressada do masculino como parceiro na vida afetiva e de sexo, chegava sorrir; sabia do seu gosto, era encantada com a beleza masculina, sabia da singularidade insuprível da posição deles para satisfação da mulher em seus instintos sexuais e afetivos, mas era um recurso de satisfação e convivência perigoso, sujeito a mudança, assim como ela.
Pensava, arriscar neste campo é expor às perdas irreparáveis de força, que lhe faria falta para conservar o pisado da ida.
Aprendeu seguir na vida sem esperas ou exigências para o ficar, inclusive daqueles que ela havia se apaixonado, os do passado . O único que fê-la reconhecer que era somente uma metade, foi Hugo.
Estava em apuros, viver consigo depois que deixou Hugo no aeroporto naquele domingo, passou ser tarefa difícil. Se aguentar, se tolerar, o trabalho tornou arrasto, havia um peso, como grilhões amarrados em sua alma. Suspeitou da dependência emocional da presença dele junto de si.
Patifaria, revoltou consigo, quis até mesmo amaldiçoar o próprio nascimento, ter ido tão longe na solidez emocional interior, e acabar assim? Igual tantos? Que ajoelharam diante desta ironia do destino, entregaram suas almas ao amor, para depois serem espatifados pelos parceiros no ínterim dos relacionamentos.
Lamuriava em pensamentos, mas como? Como viveria sem aqueles braços? o sorriso de Hugo, os olhos esticadinhos dele olhando para ela , o silencio confortante de sua presença, que bastava para levar sua alma nas alturas.