Guerra fria de bolso
Dois sujeitos se desentendem no balcão do bar, xingamentos, alguns empurrões tímidos e por fim, sem que se pudesse saber de onde veio, uma faca é despejada no chão, entre eles... Silêncio.
Ambos se olham e uma névoa de expectativa toma o lugar, o dono do bar olha assustado, pois, ele nem mesmo sabe o motivo da discussão, alguns dos que estão em volta es olham e não sabem o que fazer, uma parte não quer se envolver, outra está com medo de se ferir no meio da confusão toda, e uma última parte está ansiosa pelo desfecho desse embate.
O ar abafado das pessoas suando frio percorre todo o bar, que por si só não é grande, ninguém tem coragem de mover um músculo, afinal de contas, todos ali têm medo de ser muito mal interpretados naquele momento, mesmo o mais bêbado dentre todos ali tinha total consciência do que acontecia ali. Uma simples faca determinava todo o ambiente do bar, que naquele momento era basicamente uma guerra fria de bolso.
Após quinze segundos com esse clima tenso e inexpressivo, abrindo o pequeno aglomerado formado em volta dos dois sujeitos, um garotinho de uns sete anos se colocava entre os sujeitos que antes se encarava e ao estar entre eles, pegou a faca e pediu desculpas, pois tinha escapado da mão dele ao tentar cortar um pedaço de carne dura. O menino pegou e voltou para o lugar que estava com o pai, um pouco afastado do pequeno aglomerado.
Um rastro da excitação se vai e uma paz tola ganha espaço, tudo volta ao normal, ninguém mais pensava sobre a tal discussão, os dois sujeitos pediram duas doses de cachaça e tudo seguiu como deveria.