Velha infância

Chuveiro dos tempos de criança. Minha mãe, cansada de um dia de labuta, tirava a água do poço, aquecia- a nas chamas crepitantes do fogão à lenha, feito por meu pai, com tijolos, cimento e uma camada de vermelhão, enchia o balde grande, de alumínio fundido , colocava uma bacia em baixo, pra aproveitar ao máximo a água. A gente primeiro se esfregava com bucha do mato, que meu pai plantava nas cercas da horta no quintal, e sabão de cinza que minha mãe carinhosamente preparava. Finalmente , nos enxaguávamos com a água morna do chuveiro. Forças renovadas, para um delicioso jantar à luz da lamparina de querosene . Lá fora o céu estava coalhado de estrelas. A lua brilhava como se o sol fosse e adentrava a casa- aquecida pelo amor - com liberdade e alegria. Já alta no céu, escutava os acordes do violão do mestre Edgar e o canto divino de Dona Chiquinha: _ lua, manda a sua luz prateada,... então adormecíamos , fartos de felicidade.

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